sábado, 20 de março de 2010

AONDE ESTÃO OS CEIFEIROS?

1. Autônomos não trabalham para Deus.
Sempre que via algo que precisava de um reparo ou cuidado eu tentava resolver por conta própria. Seja em casa, ou no trabalho, num grupo de estudos ou na Igreja. E eu, erroneamente, me orgulhava dessa tal proatividade (risos). Entretanto, no meu caso, minhas boas intenções mascaravam minha forma controladora de lidar com os problemas, fazendo do meu jeito, resolvendo tudo a meu modo, inclusive na Igreja. O principal aspecto do meu enorme engano, é que quando se trata da Obra e do Trabalho designado por Deus, as coisas são ainda mais delicadas. Ou seja, é Ele que deve distribuir tarefas, a cada trabalhador em sua medida e especialidade. Trabalhamos para Ele e não por conta própria.
E meus amados, parei por um breve momento para pensar em quantos 'administradores' da casa de Deus, cheios de boas intenções já se equivocaram da mesma forma. Quantos trabalhadores de sua própria obra já vi sobrecarregarem seus congregados, distribuindo tarefas e lideranças sem o direcionamento de Deus. E como essa obra é complexa, minuciosa e necessita de cuidados específicos que só o Ele pode nos ensinar, não fica difícil imaginar nas conseqüências desastrosas dessas ações desorientadas: disputas de poder, busca por reconhecimento dos outros, abuso de autoridade, imposições descabidas e outros males que existem em decorrência dessa falta de zelo pelas tarefas da Casa de Deus. Cada um trabalhando em favor de seu próprio louvor, pensando no que a liderança considera correta, no que o pastor aprovaria e no que chamaria a atenção do Bispo, ou sei lá o quê. Resumindo: esses trabalhadores, infelizmente, não trabalham para Deus...
2. Filhos de Deus e servos d'Ele
Certa vez ouvi dizer que, ou se é servo, ou se é filho de Deus. Isso não me convenceu. E nem preciso dizer que automaticamente, como num procedimento mecânico, eu desconsidero qualquer bobagem que fugir ou contradizer a palavra de Deus. Em muitas passagens bíblicas somos chamados de filhos, mas isso não nos tira o privilégio (e dever) de servir, e servir a Ele. [Neste caso especificamente servir á Deus estava diretamente relacionado á servir a este pastor e a seu grupo de líderes] Seus fundamentos passavam por algo como "quem é filho de Deus não critica, nem se opões as ações da Igreja, por que todos somos como uma família!" Tal bobagem foi completamente sem fundamento, e quem dera não existissem casos de má-admisnitração da casa de Deus como o sacerdote Eli, por exemplo. E para mim, qualquer menção à uma obediência cega ao líder da Igreja contradiz as escrituras e conduz ao fanatísmo. Somos chamados para ser filhos de Deus e ovelhas do seu rebanho, não somos chamados à ser ovelhas do pastor fulano, por que ele está aqui hoje e amanhã pode não estar. Devemos reconhecer a voz do nosso Pastor que nos arrebanha com amor e não nos comprometer mais com alianças político-diplomáticas do que com as escrituras sagradas. Devemos ser chamados a renovar aliança com Deus e não com o pastores, coordenações gerais, regionais e outras cúpulas humanas, pois 'se estamos comprometidos com Deus não estaríamos consequentemente aliados dos demais parceiros da obra?' Os pastores são trabalhadores da obra tanto quanto qualquer outro membro da Igreja e não devem receber qualquer tipo de honra pelo crescimento da lavoura, como instruiu o apóstolo Paulo.
3. Totalmente comprometidos
Além disso, precisamos estar convictos de que existe uma Seara e que precisamos trabalhar nela. Tenho conhecido filhos que desejam apenas a herança do Pai, no entanto não querem realizar suas tarefas, nem assumir responsabilidades com a parte que nos coube no projeto do Pai para a humanidade. Esse foco na recompensa e não no prazer de executar o trabalho, é, sem dúvida a razão de muitas igrejas estarem lotadas de trabalhadores autônomos, prestadores de serviço da casa de Deus. Em alguns casos, esse erro de referencial me faz acreditar que muitos trocam seu trabalho, e tempo dedicados na casa de Deus, por 'títulos ao portador', ou 'ações' que valem 100 vezes mais na Bolsa de valores celestial. Verdadeiras 'pirâmides' que incentivam dar uma quantia, para receber algumas vezes a mais. Afinal de contas que outro investimento garante tanto lucro no mundo aí fora?
Outra razão de se faltar trabalhadores comprometidos na Seara é que se faz uma confusão imensa entre a Obra de Deus e a obra na Casa de Deus [a igreja]. E creio, de todo coração que as tarefas da congregação representam apenas uma minúscula parte do trabalho na Obra de Deus. Jesus soube nos direcionar muito bem quando deu a vocação máxima para os Cristãos: Ide e pregai o evangelho. Ele não disse "Ide e assuma cargos na Igreja". e não disse por que Ele sabe que nem todos são chamados a liderança, mas todos são chamados para anunciar Seu amor. Todos são chamados para amparar viúvas, órfãos, idosos, doentes, pobres e crianças. Todos são chamados à santidade e à caridade. Este é o chamado para todos os cristãos, indistintamente. Porém quantos realmente exercem sua vocação?
4. Habilitados para o trabalho
Um dos principais desafios seria então, ir além desta limitada concepção de trabalho na Obra de Deus e nos dedicar ao valoroso trabalho na Seara. Pois numa plantação tão grandiosa, certamente há os que se dedicam em lavrar a terra; outros em estudar a melhor época para o plantio; outros que preparam a semente, otimizando a qualidade do fruto; há os que de fato semeam, há os que adubam; há os que cuidam das doenças e pragas que atingem a plantação, há os que regam e há os que vigiam a Seara do ataque de saqueadores. Além de todos estes trabalhadores dignos e fiéis, o Senhor prepara os que cuidam dos ceifeiros, os que os ensinam a trabalhar na Seara, corrigindo posturas e hábitos prejudiciais ao rendimento do trabalho, há os que preparam alimentação nutritiva, abrigo, leito e cuidados apropriados com cada um dos convocados ás atividades, há os que dão força e ânimo, há os que redividem as tarefas e que substituem os trabalhadores cansados para não atrasar a hora de segar. Todos estes trabalhadores devem receber de Deus sua própria ordenança e por Ele devem ser encaixados no processo. Ele nos ensina o que fazer, como fazer, em que tempo fazer e ao lado de quem fazer. Não estamos por aí, trabalhando de forma autônoma. Fomos chamados, qualificados e na hora apropriada seremos devidamente recompensados por todo labor. Ele é o dono da Seara, para ele trabalhamos. Ele dá o crescimento á lavoura e o salário ao trabalhador. Não há possível realização espiritual fora deste ambiente e qualquer desvio, omissão ou fuga pode ser definitivamente desastrosa. Oremos para que o Senhor nos capacite, oremos para que o Senhor envie mais trabalhadores, oremos para que o Senhor dê crescimento à lavoura, e no mais amados, mãos à obra!

quinta-feira, 4 de março de 2010

EVERYBODY HURTS


1. Todo mundo sofre as vezes
Como somos impregnados de subjetividade, de detalhes sórdidos, de solidão, de desespero... Como nossa carne é fraca e nossa alma abatida! Como não confiamos e nem temos esperança quando, por uma questão de sobrevivência da auto-estima, deveríamos ser nossos maiores aliados, mas ao contrário nós nos entregamos, e sofremos, metemos os pés pelas mãos... Estou convicta de que nós mesmos boicotamos nossa felicidade e temos uma tendência auto-destrutiva, seja em relacionamentos amorosos, amizades, relacionamentos familiares e outras formas íntimas de convivência. Nós criamos expectativas, deduzimos coisas, atiramos pedras, julgamos, ou pior sentenciamos. Em resumo: fazemos tudo errado! Seja como for o fato é que todo mundo sofre. E infelizmente não sofremos apenas com surpresas da vida, enfermidades, falência bancária, morte de amigos e parentes... quem dera fosse só isso que nos atingisse como uma bomba! mas sofremos por que esperamos demais, ou precipitamos demais... Sofremos por amar e não só por não ser amado. Sofremos por que sonhamos, porém nós mesmos desacreditamos desse sonho; por que gostamos mais de uma pessoa do que gostamos de nós. Sofremos por tentar nos enquadrar num padrão de felicidade que nem sequer teve nossa contribuição ao ser idealizado. A questão não é entender por que sofremos. Não, nem sequer chega perto dessa pretensão. A proposta é conceber que todos nós sofremos, mas até que ponto devemos nos permitir sofrer tanto...
2. Não abandone a si mesmo
Nem preciso dizer que "estar do seu próprio lado" é o primeiro passo para a aceitação, e olha que nem estou falando de equilíbrio, por que se ele existe, eu, infelizmente, ainda não o conheci. Mas "jogar no seu time" é uma decisão que você e eu devemos tomar. Tentar, dia a dia, nos boicotar menos, eu diria. Por que toda essa efervescência emocional é natural e saudável. E antes de afundar na areia movediça de um texto chato de auto-ajuda, eu queria dizer que, fique enfurecido se quiser, mas Deus nos fez assim. [pausa para reflexão]
O que quero dizer é que Ele, colocou esses ingredientes explosivos em nós. Ok, alguns fomos nós mesmos. Mas a iniciativa dEle é que o desafio extraordinário de nossas humildes vidas fosse lidar com isso. E acredite, não dá pra fingir que tá tudo bem, temos que enfrentar isso cedo ou tarde.
Em todas as mensagens de Jesus (Baker já disse isso, não vou repetir) ele fazia questão de nos deixar pistas sobre esse desafio de não nos abandonar. A sua incrível insistência de nos ensinar a amar, não de uma forma corruptível e danosa, mas de uma forma libertadora. De procurar conforto nos amigos, mas sabendo que se algum deles nos trair, tudo bem, isso só fará mal a eles mesmos. Jesus nos incentiva a ter uma relação mais próxima com o nosso Pai, para resolver certas questões, pra pedir conselhos, pra buscar ajuda em quem realmente nos entende, e não em pessoas que certamente fingem, desprezam nossos sentimentos e ainda nos julgam, como se não tivessem problemas. Ele diz: "Eu vos chamo de amigos" (João 15:15) mas não queremos a amizade dEle, queremos persistir em relações tóxicas. E é exatamente nesse ponto que eu digo, sem melodrama, não abandone a si mesmo. Faça escolhas melhores. Pense nos braços que estão sempre abertos, nos braços da cruz.
3. Aguente firme!
Eu concordo que não é um processo tão simples, por que culturalmente fomos levados a acreditar que é preciso dar alguma coisa em troca pra Deus. E eu que estudei, li, refleti, sobrevivi a adolescência, ainda não sabia que nada disso era verdade. E se você não sabia, tome fôlego por alguns minutos; se for preciso, faça como me ensinaram: vá e pegue uma xícara de café.
Quando nos aproximamos de Deus, certos de que não temos nada que O agrade, aí sim estamos conseguindo nos aproximar de verdade. Quando não sobrar nada do Deus aterrorizante que pintaram pra nós, aí sim Ele vai se mostrar. Por que Ele sabe que se já temos uma ideia formada sobre Ele, não adianta conversar. Sabe, quando abrimos mão de conclusões á respeito de Deus, Ele se mostra um maravilhoso Pai. Quando 'limpamos as lentes do óculos' do nosso entendimento, vemos realmente aonde Jesus está. E essa relação com Eles nos deixa mais confiantes pra lidar com o nosso turbilhão interior. Recebemos uma paz interior que funciona como remédio para o sofrimento que causamos a nós mesmos. E olha, isso é tão bom...
O problema de ser auto-destrutivo assim, por tanto tempo, é que olhamos com desconfiança para quem nos ama realmente. Jesus até pega em nossa mão, mas a gente solta, não aguenta firme. Por que junto com Cristo vem a necessidade de auto-avaliação, vem um "olhe para si mesmo" que é insuportável para nós. Ele não deixa de nos contar o que está errado, mas não queremos ouvir. Preferimos o 'fundo do poço' ao 'estender a mão e gritar socorro'. É justo isso consigo mesmo? O que existe de atrativo na tristeza? na desilusão? no estado miserável da alma? Nada. E por que não aceitar ajuda dEle? Orgulho? Fraqueza? Covardia? Se sim, ótimo. Este é o estágio da ação. Quando assumimos que não precisamos dar nada em troca pra Deus, justamente por que não temos nada, aí sim dá pra pegar firme nas mãos dEle. Mas dessa vez, aguentando o impulso do resgate, por que Ele está disposto a nos salvar de tudo, inclusive de nós mesmos.