quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A FELICIDADE DE FAZER A TUA VONTADE

1. Senhor, Tua vontade é o meu prazer
Eu trabalho com adolescentes na minha Igreja. E esse ministério é sem sombra de dúvida o maior presente, desafio, dor de cabeça, alegria e surpresa de 2010. Nunca me imaginei trilhando esses passos e muito menos adquirindo esta responsabilidade e confiança, com Deus, com minha Igreja e com eles. O que Deus fez em minha vida, devo confessar, foi surpreendente e extraordinário. A forma como ele me tirou do barco, ainda em Társis, com toda aquela tempestade, aquelas pessoas me acusando e gritando, trovões, ventos e ondas altas. O frio choque com a água do mar. O momento que pensei que seria meu fim, até que... O peixe me engoliu pra me mostrar o preço da desobediência e o tamanho da misericórdia de Deus, me dando uma segunda chance. E lançada na praia de Nínive fui tratar de realizar minha missão. E a analogia termina por aqui, pois minha inclinação em me apegar à aboboreiras é grande demais pra ser incentivada. Chega de ser Jonas. Isso acaba aqui.
E lá fui eu trabalhar, com sentido de labor mesmo, tripaliu, sem amor, apenas por obediência. Mas os capítulos dessa história já são conhecidos dos (únicos 4) leitores desse blog. O Senhor começou uma obra linda em meu coração e Ele sabe bem como terminar toda boa obra que começa. Eu fui me apaixonando pela vontade de Deus e deixando de lado a minha imponente e quase indomável vontade própria, para fazer aquilo que o Senhor me tinha proposto. Quando dei por mim, já estava totalmente apaixonada. Totalmente envolvida e entusiasmada. Veja bem, eu que resisti a isso, hoje estou amandooooooooo. Isso não é loucura?
Meu coração é todo dEle e Sua vontade é o meu prazer. Não faço a menor idéia de como fazer nada e estou administrando 100% dos obstáculos com auxilio de Deus. E vocês acham que são poucos? Meu Deus! Como são muitos! Mesmo com todos os medos, receios, com toda humildade, erros e mancadas, mesmo com os desafios, com a batalha espiritual, o levante do inimigo, mesmo com minha carne fraquejando (de 10 em 10 minutos) querendo sair pela porta e não voltar mais. Mesmo com todas as caixas de som e microfones conspirando contra mim: Eu estou amando.
Ver o crescimento espiritual deles, receber o amor deles... (pausa prolongada pra me emocionar...) Sabe. Nunca recebi tanto amor assim... Eu olho pra eles, vejo a confiança que me dão, a forma como me concedem o privilégio de conhecer suas dores, medos, sonhos, frustrações, seus problemas... Quantos problemas!!! O mundo desabando sobre suas pobres cabecinhas... E esse assunto, merece um pouco mais do nosso tempo e mais algumas linhas.

2. Problemáticos (?)
Eu entrei pela porta da frente no coração dessas pessoinhas. No meu primeiro dia já tive de lidar com um mundo aonde os pais abandonam, aqueles que deveriam proteger agridem, aqueles que deveriam amar, ofendem. No primeiro dia! Eu voltei pra casa e choreiiiiiiiiiiiiiiiiii rios. Perguntei à uma garotinha o que “desejava seu coração”? ao ensinar o salmo 37:4. Esperava ouvir muitas coisas, menos “a cura pra minha doença nos rins”. Meu Deus.... eu queria me vestir de saco e cinza! Ao ensinar sobre perdão me deparei com um mundo de ofensas, maus tratos e desvios morais. Eu queria abraçá-los e esconde-los nos meus braços. Eu queria ir pra casa com cada um. Mas eu tinha que os deixar ir de encontro com seus problemas. Só podia pedir, incansavelmente, que Jesus estivesse com eles. Que o Espírito Santo ministrasse a cura pra cada ferida que havia em seus corações. Pedia (e peço) a Deus que eles superem as cenas de violência doméstica que viram, aos atentados que sofreram, aos surtos de insegurança, imaturidade e infelicidade de seus pais. Que Deus os ajude todos os dias a vencerem as tentações do mundo, tão latentes nessa fase.
São problemas de todos os tipos, desde baixa auto-estima, fragilidades emocionais, carência afetiva, até drogas, crime, homossexualidade, violência, pressões de todos os tipos: econômicas (de uma sociedade de mercado), midiáticas (de uma cultura visual), pressão do grupo (pra ser sempre descolado, legal, interessante). São os fortes impulsos sexuais, as mudanças hormonais, o desajuste social, as bruscas e violentas mudanças corporais. O romance não correspondido... Tantas coisas....
Sei que o mundo os olha como problemáticos. Mas eles não só geram problemas! Eles sofrem problemas! Eles respondem á problemas com problemas. Eles respondem a indiferença de seus pais, respondem as agressões e negligências que sofreram e sofrem. Eles são reativos. E têm muita energia, muito potencial, muita vontade de mudar o mundo. Parece-me óbvio que eu me identificaria com esse grupo, por que isso nunca me ocorreu antes??? Mais uma vez meu criador mostra que me conhece mais do que eu mesma. Ás vezes eu olho pra eles e penso: Isso! Era disso que eu precisava!!! Ás vezes grito socorro: Papai! Eu não vou conseguir. Esse trabalho é em tempo integral. Toma todo meu tempo e energia. Pede que eu me envolva, que eu me responsabilize, que crie laços. É complexo, desafiador, exige sinceridade, carinho, honestidade, cabeça no lugar, intimidade com Deus e mais do que tudo: bom exemplo. Nem preciso dizer que essa é a parte difícil. Dar bom exemplo pra eles, num mundo que os diz faça o que eu digo, não faça o que eu faço. Como é difícil, constrangedor, impactante. Isso é diferente de tudo o que eu já fiz e imaginei fazer. Por que eles me ligam quando estão com medo, quando tiveram um pesadelo. Elas querem me contar que brigaram com sua melhor amiga, que não conseguem assumir sua religião pros amigos, que levaram um “fora” e céus, não querem mais sair do quarto por causa disso. Desafios e mais desafios. Todos os dias. Mas não é disso que é feita a obra de Deus?!

3. A palavra de ordem é: COMPROMETIMENTO
Aprendi. Isso foi recente – Preciso me comprometer. Não dá pra encarar isso como uma “coisa” que preciso fazer pra Deus me deixar em paz. E lamento muito, pois era exatamente isso que eu pensava. Que Deus era aquele que dizia: “Faça isso ou eu....” Entende a profundidade da mudança? Eu estou aqui anunciando que um a um os projetos de Deus pra minha vida não só começaram a ser realizados com minha permissão, mas que agora eu ansiava por eles. Sonhando os sonhos de Deus e me dedicando totalmente para ‘fazer acontecer’. Não existem meios de mostrar seu amor por alguém ou algo sem se comprometer. O amor busca naturalmente o compromisso! E aquele que foge do compromisso não está certo sobre o amor que sente. Como dizer que algo é a coisa mais importante de sua vida se você simplesmente não dedica tempo algum para isso? Como receber tanto e não querer oferecer nada em gratidão? Se comprometer é a única via. Foram muitos anos me escondendo atrás da máxima de que eu não era boa o suficiente para realizar o que Deus me pedia. Veja bem se eu sou capaz de me conhecer mais do que Ele!? Nunca. Nenhum pouco. Então quando entendi que Deus me criou com um propósito e depositou em mim toda a capacidade de realizar. Que Ele nunca vai me cobrar mais do que posso dar e que sondando meu coração Ele tem condições de me avaliar da forma mais íntegra e completa possível e apenas essa avaliação deveria contar. Não a das pessoas. Não a da família. A de Deus. Ele vê em meu coração aonde errei e no que acertei. Ele reconhece meu esforço e tentativa. Não devo me preocupar em mais nada além de honrar o compromisso que fiz com Ele. Eu me comprometi com Deus em 2010. Me comprometi com sua obra. Me comprometi com os problemas que aqueles adolescentes passam. Me comprometi com o carinho que recebi deles, gratuitamente. E isso era o mínimo que eu poderia fazer. Selar um compromisso de lealdade e dedicação com Deus, e receber dEle suas valiosas sementes, no objetivo de contribuir para que elas sejam devidamente plantadas, regadas, cuidadas, nutridas, protegidas. Para que no devido tempo, apropriado a cada uma, segundo sua espécie, dêem frutos de honra para o nosso Deus que deu o crescimento e que responde, por sua vez, pela qualidade da semente. Afinal elas são dEle. Ele é o Senhor da ceara. E ser semeador é sem dúvida o que eu nasci pra ser! Eu me deleito no Senhor e no Seu infinito amor ao elaborar um desfecho tão extraordinário assim pra este ano... Que venha 2011 com todas as maravilhosas lições que Deus preparou pra mim. O centro da vontade de Deus é o melhor lugar pra começar um novo ano!

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

EU ME RENDO!


Tenho uma declaração a fazer: Nada foi mais difícil do que me render ao Senhor!
Que bom que pra você foi fácil e agora você lê com esse olhar de superioridade. Só tenho uma coisa pra te dizer: Sorte sua! (risos)
Normalmente tem sido assim na minha vida, o que é fácil pra todo mundo, pra mim é uma novela (mexicana). Então foi muita sorte pra você que não teve que passar pelo que passei. Não teve que ver sua vida se estraçalhar no chão, seus sonhos indo por água abaixo. Seu "eu" e toda a sua "cabeça erguida", sendo guinados ao chão como ferro que se curva causando aquele estardalhaço.
Foi muito difícil me render e juro que pensava que havia entregado tudo, até que...
O Senhor achou tesouros escondidos na minha alma. Restos preciosos de orgulho que havia guardado a sete chaves. Eu jamais entregaria isso até que... Ele me pediu as chaves e eu não pude resistir.
Bem, poupando os detalhes, o fato é que havia ainda muita coisa escondida, muitas coisas a entregar e muito que submeter. E honestamente, ainda há. Eu não tive coragem de acompanhar o Senhor nessa busca, mas pelo menos entreguei as chaves desses compartimentos em Suas mãos. Tudo é dEle agora e será uma questão de tempo até que Ele tenha dominado tudo. Eu me rendi. Foram muitos anos construindo meus próprios sonhos e futuro, construindo minhas ideologias e verdadeiras 'fortalezas' de convicções, profundamente alicerçadas e com muito orgulho, altivez e individualismo na sentinela, com arma apontada para qualquer suspeito que se aproxime sem ser convidado. Eu rendi essa fortaleza racional que construí em nome da fé e do desejo de conhecer a Cristo. Nossa, nem mesmo eu consigo acreditar! Mal posso falar em voz alta. Quem sabe com o tempo fique mais fácil assumir isso... Eu me rendi... Eu me rendo... Ainda é doloroso. E se você quer continuar lendo isso, por favor queira compreender essa dor.

Preciso parafrasear algo, acompanhe:

"Bem sei que tudo podes e nenhum dos teus planos pode ser frustrado.
Quem é aquele que sem conhecimento quer encobrir os Seus conselhos?
Eu falava de coisas que nem mesmo entendia,
coisas que eram maravilhosas demais pra mim.
Coisas que eu não conhecia ainda.
E desde que me disse:
Escuta, e Eu falarei.
Tenho perguntado e Tu me respondeste.
Preciso confessar que só Te conhecia de ouvir falar
E agora meus olhos Te vêem.
Por isso me arrependo de toda idiotice que cometi.
Me arrependo profundamente..."

Essas são as palavras de um homem que se rendeu – Jó. Ele entregou todos os compartimentos de sua vida ao Senhor, sem reservas. Guiado ao mais profundo de sua alma, conseguiu de lá, reconhecer que não sabia de nada, que falava de coisas que não conhecia. E eu me sinto exatamente assim: ignorante. Penso em todos os sermões que preguei e de todas as palavras que ensinei e analiso dentro de mim... Eu ainda não sabia de nada.... Nada ainda...
Porque a cada passo que dei em direção ao Senhor foi como subir e ver minha casa ficar pequeninha, ver as pessoas e os carros como formiguinhas... Ficou ridículo ver as bobagens insignificantes sob as quais me escondia... Dá vontade de rir da minha mediocridade... Elas não são nada pra Deus... Quando penso no tempo que perdi, e em troca de quê? De nada! Aí reconheço quão mais altos são os pensamentos de Deus! Tão mais elevados do que os nossos!!!
Essa sou eu, fazendo a avaliação mais profunda e mais complexa que já fiz da minha vida e já que está aqui guarde com você essas palavras:
EU NUNCA FIZ NADA MAIS NOBRE DO QUE ME RENDER A CRISTO.
Ele deu sentido às coisas e me fez enxergar para além do tempo, das regras, das denominações, das pessoas, das Igrejas, das instituições. Ele me deu mais conhecimento do que todos os livros que li, todos os anos que passei na Universidade, todos os diálogos com todas as pessoas. Compreendo o que o Apóstolo Paulo disse ao se referir “o que ganhei, imputei como perda”. Há mais poder de mudança nas palavras de Cristo do que em qualquer ideologia do mundo. Há mais verdade nEle do que em toda a ciência que examinei. Há mais amor ao próximo nEle do que em qualquer ato de caridade que eu tenha praticado. Há mais paz em Suas palavras do que em qualquer outro retiro espiritual da terra. Há mais nobreza em seguir a Cristo do que qualquer coisa que já tenha feito ou pretenda fazer com minha vida. Não perco mais tempo tentando. Não desperdiço tempo servindo homens. Olho pra Ele. Procuro conhecê-Lo.
Seja o que for que tentar me impedir, coloco isso diante da perspectiva do Eterno. Não vai sobrar nada, eu creio.
E quanto a você, não venha me dizer que se rendeu e blá blá blá, por que eu sei que você também tem seus compartimentos secretos. Reúna suas forças e vá lá buscar as suas chaves... Entregue pra Ele. Ele não merece nada menos do que TUDO. Repita comigo agora: Senhor, seja TUDO EM MIM e você vai experimentar algo de Deus que nunca imaginou antes e todo o resto, vai parecer pequeno.


terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O QUE É SER UM PASTOR?

1. Que líderes são esses?
Recentemente estive num evento apenas para líderes. Essa foi uma das experiências mais marcantes em toda minha vida até agora. Não somente pelo conteúdo extraordinário que aprendi ali, mas pelas pessoas que conheci, pelas situações que presenciei e pelas reflexões que me acompanharam durante todo o processo.
A primeira constatação marcante foi que existem pessoas (líderes) absolutamente repugnantes. E por um momento tive pena dos que precisam se submeter àquelas personalidades horrendas. Pessoas contando vantagem, pessoas grosseiras, pessoas manipuladoras... Que terrível pensar que aquelas pessoas eram líderes, pastores e pastoras, missionários ou qualquer outro cargo de liderança. Fiquei escandalizada!
Mas não é difícil supor a trajetória que os levou até ali. A atual configuração das estruturas de poder na Igreja são falhas e duvidosas. Basta um homem bem sucedido, vestir-se bem e freqüentar os cultos pontualmente durante um determinado tempo, que ele é consagrado “obreiro” num tempo recorde. Basta saber falar bem, com frases de efeito que é rapidamente convidado a pregar. Basta se casar com a filha de um pastor que é “promovido” a pastor também. E por aí vai... Pessoas com caráter duvidoso, com sede de poder e com preguiça de procurar emprego! Esse é o perfil de muitos pastores que vi ali e que infelizmente conheço. E só quando se experimenta estar sob a autoridade de um bom pastor, amoroso, fiel e dedicado é que se percebe que muitas igrejas estão vivendo de migalhas. Mais frustrante ainda é ver as Igrejas SEDE ignorando o sofrimento dos fiéis. Alheios a má administração do dinheiro, alheios ao autoritarismo e aos milhões de problemas que esses pastores-bomba causam. As pequenas congregações são as que mais sofrem. Elas são laboratórios de iniciantes. Mas quem dera fossem homens com vontade de aprender, cheios de sonhos e de projetos em prol do Reino de Deus. Não! São homens toscos que querem usufruir de boa vida, sem dar absolutamente nada em troca. Se você é de uma pequena congregação, tente se lembrar de todos os pastores que já teve e faça uma breve contagem. Não tenho receio em dizer que a maioria deles seria demitida se houvesse uma auditoria de seu trabalho!

2. Líder: Ser ou não ser? Eis a questão
Mas quando se tem um bom líder, um verdadeiro incentivador, cheio de boas idéias, que valoriza o trabalho de sua diretoria, que está atento ao rebanho, que faz visitas e se preocupa com a congregação... Esse líder inspira toda Igreja a crescer. Ele nos motiva a trabalhar. Servi-lo é prazeroso e submeter-se à sua autoridade é um aprendizado constante. Nossas forças são direcionadas apenas ao combate do inimigo. E a vitória da Igreja pode ser facilmente contada no número de pessoas convertidas e de visitantes nos cultos. Tudo rende, digamos assim. Sou grata a Deus por servir sob a administração de um bom líder, nada mal, por que aos 26 anos, com 20 anos de boa memória congregacional me lembro de 17 pastores antes do excelente pastor que tenho agora. Destes, apenas 5 foram pastores com boa administração, vida íntegra e deixaram saudade ao sair. Os demais se apropriaram dos recursos levantados para construção do templo, outros tinham sua vida conjugal transtornada, outros eram ditadores sem o menor carisma, que se impunham, que mediam forças com a diretoria e que faziam bizarrices de dar dó. E a SEDE? Não estava nem aí... Como ainda não está! Veja se eles são capazes de colocar esses “mercenários” em congregações de regiões de elite, com bons dízimos e com maior visibilidade? Nunca! Eles os enviam para as congregações de periferia, cujos membros têm pouca escolaridade e não ousariam os questionar. Perdoe-me por não respeitar a administração de um campo ministerial que não está de olho no crescimento de suas congregações, apenas nas cifras de seus rendimentos. Que não está disposta a fazer, vez ou outra uma auditoria nas atas dos tesoureiros! É muito desprezo para não ser questionado, nem criticado. Temos sorte por não haver mais escândalos dos que os que já existem. Temos sorte por que esse péssimo comportamento faz brotar uma vontade de ser diferente em muitos outros, que por sua vez se comprometem de forma apropriada, tratando o rebanho com amor, capaz de dar sua vida por ele.

3. O constrangedor exemplo de Cristo
Seria muita fantasia da minha parte pensar que esses líderes deveriam se mirar no exemplo de Cristo? Seria muita ilusão achar que Seu exemplo de liderança servidora e devotada deveria ser o parâmetro pra o comportamento dos pastores? Que faço eu se estou totalmente atrelada ao evangelho que sigo? Como enxergar uma realidade tão fora do padrão de Cristo, beirando ao farisaísmo e ao legalismo? Como não me indignar diante dessa realidade tão assustadora? Acho impossível! Só me resta canalizar essa indignação em um apelo: Não se torne um deles! Se você é um líder não seja atraído por essa fome de poder e influência. Se você ainda não é, mas convive com um grupo, tente alertá-los ao perigo de se deixar seduzir pelo poder, pela arrogância, pela altivez. Uma alma foi muito cara para ser jogada fora por uma liderança equivocada, com fome de autoritarismo, querendo suprimir seus opositores. Se você é um líder peça sabedoria pra lidar com suas ovelhas, até mesmo as mais rebeldes. Ame-as, você vai constrangê-las. Considere-as, você vai embaraçar seus levantes. E mais do que tudo, tenha caráter. Seja exemplo. Comprometa-se. Veja que você não pode fazer nada sozinho, envolva as pessoas com sua visão, com suas idéias, não as imponha. Não transforme seus gostos particulares em regras, Admita que existam pessoas diferentes que você e elas não são piores, nem inferiores, apenas diferentes. Siga o exemplo de Cristo, de perto, não é impossível tentar. Tudo bem que será meio difícil conseguir, mas seremos considerados por nossa tentativa.
Tenho sob minha responsabilidade, adolescentes que terão seu primeiro contato com o Senhor e com Sua Igreja através de mim. Por isso devo amá-los, devo representá-los de forma apropriada. Devo mostrá-los o carinho e a devoção do primeiro amor, bem como a santidade e a necessidade de seguir as regras. De forma que eles cresçam com uma estrutura firme o suficiente para resistir ás provações e tentações da juventude e da vida cristã em si. Não é fácil. Ás vezes até dói o peso dessa responsabilidade, fico com vontade de correr, de recuar, mas não posso! Fico com vontade de dizer pro meu Pai, será que não dá pra esperar mais um pouco? Nem eu sei como fazer essas coisas ainda... como vou ensiná-los? Irmãos. Ser líder não é fácil eu sei. Mas é preciso coragem, caráter e senso de responsabilidade, e acima de tudo isso é preciso ter AMOR, muito AMOR. Não dá nem pra ser cristão sem amor, muito menos para liderá-los. Rogo para que o Pai de amor distribua em todos nós a grande medida que precisamos. Rogo para que as instituições não se esqueçam a quem servem. Rogo para que Jesus seja o modelo de tudo o que somos e do que quer que façamos!

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

TOMA SENHOR, EU NÃO PRECISO MAIS DISSO

1. Apegados ao fardo (?)
Domingo passado eu re-assisti o filme "O Peregrino" (baseado na Obra clássica de John Bunyan, publicado na Inglaterra em 1678) com meus alunos da classe dos adolescentes. Eu confesso que nas vezes anteriores em que assisti o filme/li o livro, não percebi a riqueza da fala do Cristão, ao responder como adquiriu aquele fardo imenso, ele responde: "Eu adquiri lendo este livro". Fiquei pensando por horas, naquele imenso fardo. Cheguei à conclusão que muitos cristãos estão carregando seu fardo por mais tempo do que o necessário e evidentemente eu fui um desses.
Primeiro carreguei o peso do pecado, que se tornou cada vez maior na medida em que despertava em mim o conhecimento da Palavra de Deus. Depois, como uma boa cristã da Assembléia de Deus, que cresceu nos anos 90, em Goiás, descobri que carregava também o peso do sentimento de culpa. Esse era o pior, quase patológico. Me sentia culpada de cada um dos meus hormônios em ebulição! Também me sentia culpada por rejeitar certas normas igrejeiras e me sentia rebelde por não concordar nem de longe com as regras de uso e costume que me eram impostas. Evidentemente que não podia me apresentar diante de Deus com todos aqueles erros e com toda aquela carga de pecado. Em vez de dar passos em direção àquele que podia me perdoar, eu recuava, cada dia mais um pouco. O resultado disso foi uma longa caminhada, distante de Deus e com peso demais nas costas. Um sofrimento extremamente desnecessário.
Hoje considero que minha relação com Deus foi totalmente refeita e por mérito exclusivamente dEle, com sua eterna e maravilhosa mania de deixar as 99 e ir em busca de uma só ovelha. Aprendi a pedir perdão e também a me perdoar. Aprendi que existe um efeito maravilhoso chamado “efeito do mar do esquecimento” provocado pelo perdão pós-burradas consecutivas, como era sempre o meu caso. Esse estado de espírito é marcante e nos faz enxergar a Graça de Deus a olho nu, bem ali, na nossa vida. O efeito renovador de ser perdoado é a experiência mais marcante da minha vida repleta de erros. Eu aprendi a rejeitar o fardo do pecado, a entender que ele é prejudicial e que o sentimento de culpa não redime ninguém. Só então consegui encontrar descanso para minha alma.

2. Ao pé da Cruz.
A cena emocionante do Cristão sendo liberto do fardo diante da cruz foi decisiva pra mim. Eu entendi, finalmente, o significado de “lançar sobre Ele nossas ansiedades”. E louvo a Deus porque entendi. Antes tarde do que nunca. Sei que meu coração não vai deixar de se emocionar, de se comover e de se entristecer na presença de Deus, em busca do perdão dos meus pecados. Toda a tristeza que produz arrependimento genuíno está aqui, vigilante, combatendo a iniqüidade. Mas não é mais o estado desesperançoso que vivia antes. Se hoje não me sinto merecedora, as razões não são mais as mesmas de antes. Continuo me sentindo incapaz, pequena, limitada.
É preciso estar vigilante para não cair no engano e na acusação de satanás. De fato não somos merecedores, mas nunca houve merecedores. Todos foram falhos e precisaram do perdão de Deus. Homens e mulheres que estavam frente à obra de Deus falharam, caíram, se sentiram fracos. Isso é normal. E não deve nos impedir de continuar. Precisamos acreditar que Ele já nos perdoou, nos justificou e que não devemos nos acovardar carregando um peso que já foi levado na cruz.
Ás vezes, enquanto estou preparando a palavra pros pequenos, eu penso: “mas nem eu sei como fazer isso, como vou ensiná-los?”. Daí o Espírito Santo me mostra que sou uma aluna, junto com eles, de algo que Ele tem a nos ensinar. Não estou pronta. Amém por isso. Sou uma obra inacabada... Coloque aí “ESTOU EM OBRAS – DEUS ESTÁ TRABALHANDO” Não tenho pretensão de esperar o estado alfa de perfeição para fazer o que Deus me pede. É Ele que me aperfeiçoa. É Ele que me pede que faça. Eu não pretendo parar de errar por coerção, ou por medo. Pretendo aprender com o processo, é bem diferente. Então deixo a dica para todos os meus amigos que me procuraram recentemente para dizer que não se sentiam prontos: Deixe seus medos ao pé da cruz, deixe seus receios, seu orgulho, sua covardia. Lance sobre Ele sua ansiedade. Olhe bem pra cruz e veja que você não pode carregar o fardo do pecado, ele é pesado demais. Enquanto estamos olhando pra cruz somos libertos de tudo, pois recebemos o amor que erradia de lá. Eu também não estou pronta e não encontrei ninguém que se sentisse, nem mesmo na Bíblia. Precisamos absorver o significado real da exclamação: “todavia, seja feita a Sua vontade, não a minha”.

3. Pronto pra seguir adiante (?)
Mas a cruz é só o começo da peregrinação. Deixamos o fardo insuportável do pecado e tomamos o jugo suave de Jesus. Tomamos nossa cruz para segui-lo. Moleza mesmo vai ser só na eternidade, entre louvores e gozo sem igual. Aqui meus irmãos, é trabalho duro. Contudo, enquanto a convicção do amor, do perdão, da redenção de Jesus (pacote completo da Graça de Deus) não for nosso único bem não dá pra seguir viagem. Como enfrentar a fúria do inimigo com o peso do fardo? Impossível. Então, em nome de todo o futuro brilhante que teremos na obra de Deus, temos que deixar esse fardo. Davi sabia disso no salmo 51. Sabia que precisava reconhecer o pecado, pedir o perdão e implorar pelo Espírito Santo. Davi, no dia seguinte a perda do bebê, se levantou e seguiu adiante. Eu sei o quanto isso foi difícil pra mim, sou bem mais ‘dramática’ que Davi. Cultivei minhas feridas, cultivei meus erros, medos, falhas, dei importância demais para levantes, opiniões contrárias. Chega! É obvio que cultivar tais coisas, só pode gerar ainda mais dor. Abri mão de tudo isso por um bem muito maior. Decidi me ajoelhar diante da cruz, segurar nela e me levantar.
Fico imaginando os inúmeros receios que permearam a mente dos nossos heróis. Pedro pensando: Logo eu, que o neguei? Paulo pensando: Logo eu que persegui? E tantos outros que eram os caçulas, os trapaceiros, os medrosos. Não sei de onde vem essa preferência de Deus pelas coisas vis deste mundo. Por que Ele escolhe as pequenas pra confundir as grandes, as loucas pra confundir as sábias. Mas louvo a Ele por que me enquadro em todas essas características, ou seja, nasci para ser usada por Deus! Aonde abundou em mim o pecado vai superabundar a Graça, por que ao olhar pra mim, vai ser claro que tudo só foi possível pelo poder de Deus. Eu sei que o risco de fracassar está sempre presente, eu sou humana. Deus sabe disso. Mas eu estou depositando minha fé Naquele que tem experiência em transformar vasos de barro em vasos de honra, não em mim. A cruz é minha última parada, tenho um longo caminho pela frente...

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O AMOR FAZ TODA DIFERENÇA

1. Não é tão simples assim...
Erramos ao reduzir o amor ao relacionamento, cometeremos um erro se reduzirmos o amor a qualquer coisa que seja. É óbvio que estou falando do amor romântico, aquele arrebatador sentimento que une um homem e uma mulher acima de todas as suas diferenças. Os relacionamentos podem ser (e têm sido) forjados, manipulados, sustentados por razões sociais e culturais, mas o amor não. O amor é o ingrediente mágico que torna a ‘vida a dois’ sustentável e sem amor... definitivamente tudo desaba. E como os casamentos têm desabado no meio evangélico! Parece-me óbvio que o resultado de um relacionamento forjado pela igreja esteja fadado ao fracasso e me pergunto quantas pessoas ainda vão se deixar manipular por esse jogo, aonde as pessoas solteiras são simples peças de um tabuleiro, que depois de unidas uma a uma são substituídas por um casal. Quantas pessoas serão presas à solidão por conta dessa visão de relacionamento?
O amor e o romance não recebem a devida importância na concepção de namoro, noivado e casamento das igrejas. Isso pode ser facilmente percebido naquelas palestras [patéticas] com as “10 maneiras de salvar seu casamento...” ou ‘o que você precisa fazer é...’ Isso pode piorar se vier a temerosa frase ‘os homens são...’ ‘as mulheres jamais....’ Por que quando começa essa papo furado, eu saio pra tomar um ar e não enfartar de vez nessas palestras. Detesto essas fórmulas e detesto todos esses conselhos maçantes e que, absolutamente, não servem pra ninguém. Pra mim a questão se origina principalmente no fato de que a igreja ainda não consegue conceber o ser humano em sua complexidade, portanto não está apta pra lidar com um relacionamento que, por sua vez, se trata de dois seres, unindo suas complexidades, conflitos, virtudes e defeitos. Se não é possível pra eles compreender a profundidade de um ser humano, atuando em papéis de marido e esposa, nunca saberão do que se trata um casamento. E lá vem aquele lixo goela abaixo dos cristãos. Que alienante, que frustrante!
Ainda espero ouvir um discurso que leve em consideração problemas mais profundos do que “ela deixa tudo bagunçado”, “ele não me ajuda com as crianças”. É preciso conhecer os projetos de Deus para o homem e para a mulher no casamento, conhecer o que o ser humano significa em Deus. Depois disso, é preciso oferecer ajuda apropriada para lidar com a pressão da escolha do parceiro (que pode ter sido uma escolha errada, precipitada, por que não?), ajuda pra re-inventar um romance com o que sobrou, depois de tantas brigas, tantas ofensas. Ajuda pra perdoar. Ajuda pra lidar com a responsabilidade do casamento, enxergando as diferenças e dificuldades, lidando com elas, pra só assim ter argumentos para seguir adiante. Não por uma pressão ou recriminação do divórcio (e do divorciado), mas porque uma decisão madura e pensada foi tomada por adultos, cientes de todos os complicadores envolvidos nessa decisão. O casamento é bem mais do que 2 pessoas com dificuldades na adaptação de sua convivência doméstica. E me pergunto até quando ele será reduzido a apenas isso????

2. A igreja e o casamento
Por princípio, o relacionamento entre um homem e uma mulher é algo complexo. Afinal são pessoas com educação, sonhos, projetos e opiniões distintas. Homens e mulheres com suas diferenças sociais, com seus egoísmos, com suas necessidades, com suas expectativas, enfim... “tudo” pra dar errado, desde o início (risos). O que se espera é que os relacionamentos entre evangélicos sejam concebidos com mais maturidade e com propósitos mais profundos do que simplesmente curtir a companhia e o beijo de alguém. Mas não é bem assim, os moldes mundanos foram transportados para a igreja implicitamente. Quando não são reprimidos (o que também é péssimo) os jovens e/ou solteiros não recebem uma educação cristã que os oriente a lidar com a paixão, com a atração sexual e, sobretudo, que os coloque a par de todas as dificuldades envoltas num relacionamento (evidentemente pautada na concepção mais profunda possível de relacionamento, o que é defendido nesse texto).
Mas a igreja prefere gastar toda sua energia remediando erros nos casamentos do que prevenindo os mesmos. Prefere reprimir o divórcio e provocar um casamento precipitado, do que se envolver com um longo projeto de preparação, o que precisaria de mais planejamento, mais estudo e uma atuação bem mais ampla do que promover palestras com inscrições superfaturadas, conteúdo raso e envolvimento idem. Isso é patético, mas comum, infelizmente. É muito mais fácil ensinar o incomodado a se anular no casamento do que arregaçar as mangas e se envolver com as famílias, tomando para si suas dores e suas frustrações. Se faz emergencial a elaboração de um projeto de preparação e reparação da estrutura familiar que atue efetivamente na educação emocional dos fiéis antes e depois do casamento. Que previna erros e lide com os que já foram cometidos, afastando os tabús e falando abertamente, com sinceridade. Que incorpore um processo intenso de cura interior, restauração da auto-estima, libertação e estruturação do indivíduo como um todo, e um a um. Que implante valores e moral nas famílias, cuidando de ensiná-las o que é louvável diante de Deus e não somente reprimindo, para que os problemas se maquiem.
A quantidade de pessoas feridas pela falta de amor, pela precipitação de suas decisões e pela falta de sabedoria da instituição para lidar com o aconselhamento dos solteiros é muito grande pra ser ignorada.. Casamentos são precipitados todos os dias por essa dose de desespero, somado ao medo da solidão, a carência sexual e a instabilidade emocional de muitos. As conseqüências são terríveis, especialmente se houver filhos envolvidos. A situação vai se arrastando, buscando desesperadamente por ajuda nesses rituais horrendos de terapia existentes nas igrejas, baseadas no geral, reduzindo as pessoas aos seus estereótipos, como modelos de comportamentos que não representam a realidade dos indivíduos em sua multifacetada personalidade. Primeiro por que não há nenhuma demonstração de que o casamento foi levado a sério, como ele realmente é, com tudo o que ele provoca, com tudo o que o catalisa, com todas as angústias e projeções que o espera, levando em consideração a existência do ciúme, da insegurança, do receio da solidão. Segundo por que os palestrantes ainda estão se guiando por uma concepção ora excessivamente biológica, ora restritamente espiritual, do homem e da mulher. E por último por que não dispõe de uma política de aconselhamento que prepare os indivíduos para esperar (em Deus) a hora certa, a pessoa certa, cuidando de prepará-los para a dor e a beleza de construir uma família e uma vida a dois. E a pergunta continua martelando: “até quando”?

3. O incrível papel do AMOR nisso tudo...
Tudo se trata de amor. Da forma como o amor é concebido e demonstrado. O amor não é quantitativo, não pode haver uma fórmula para explicar como senti-lo, como demonstrá-lo, garantindo resultados. Não haverá amor espontâneo e bem sucedido enquanto “forçarem” a barra para que o tal irmão se case com a tal irmã. Além do mais, na verdade acho que o amor não é tratado com respeito na igreja. Pra ser sincera, acho que só foi tratado com respeito nos romances! Só neles o amor recebe toda complexidade, dor e todo o drama que lhe são intrínsecos. Parece contraditório, mas só na ficção existe um fiel retrato da realidade. Porque existem mil histórias de amor, com personagens de todos os tipos, da mesma forma que existem pessoas, com personalidades e combinações variadas na vida real. Existem romances que dão certo e outros que não! Não sei por que e duvido bastante se isso poderia ser evitado. Minha teoria parte de que as escolhas não são racionais e por isso não é possível carimbar "pra sempre" em todos eles. (E até vejo os mais extremistas surtando com a essa frase). É evidente que não dá pra sair namorando e casando até achar a pessoa ‘certa’. Bem como não é conveniente pensar no divórcio ‘como uma opção para o caso de não dar certo’ isso além de desleal, é cruel, pois todos erram, mais cedo ou mais tarde. E o que é pior, muitas e muitas vezes. Também não dá pra listar características numa agenda e esperar o príncipe encantado chegar preenchendo os requisitos. Precisamos de ajuda pra chegar até o amor, eis o papel da igreja.
Mas o amor precisa ser sentido, como prerrogativa, para relacionar-se. É preciso se apaixonar inteiramente, e não me venham com aquele discurso limitado de que a paixão é uma coisa pejorativa, por que não conheço quem viveu sem se apaixonar. É fato que por vezes nos apaixonamos por razões pouco fundamentadas e com a mesma velocidade e intensidade que a paixão entra em nossa vida, ela vai embora, arrasando tudo, como um furacão. O inimigo tem usado essa estratégia para golpear, às vezes mortalmente, muitas pessoas que se apaixonam sem adquirir antes, sua estabilidade emocional, sua firmeza de caráter em Cristo. Quando estamos firmes em Deus podemos nos apaixonar sem danos desastrosos, sabendo reconhecer no outro as qualidades que procuramos e totalmente abertos a lidar com as imperfeições que os acompanham. Esse amor brota puro, intenso e vem pra nos completar como pessoas. Só sob essa base é possível construir um relacionamento sem o ideal de perfeição, sem fantasias, sem medos. Só amando podemos sentir a beleza do outro, nos mantendo atraídos por seu corpo, pele e cheiro, desejando ardentemente pelo toque, ainda com o passar do tempo. O amor faz tudo ser completo, pois desaparece com padrões e moldes impostos arbitrariamente, construindo outros, na interação entre os cônjuges e sendo administrados sábiamente pelo Espírito santo.
E como manifestação de amor, a igreja deve se comprometer com seus fiéis, fazendo o possível para que todos eles consigam amar a si mesmos, como indivíduos completos, para só então aventurar-se num relacionamento. A igreja precisa amar pra ensinar a amar, ela precisa se comprometer pra ensinar e se comprometer. Ela precisa ser um abrigo em tempos de dificuldade para que os relacionamentos se espelhem nela. Só assim as famílias vão encontrar o respeito, a honra e os valores que perderam. Só assim os casamentos vão superar os problemas que inegavelmente têm. A igreja precisa apresentar um Deus que se preocupa com os problemas do coração e que nos demonstrou que somos feitos para o amor, até a última célula. Tudo o que desejo é que as pessoas encontrem o amor. O amor que começa em Jesus perpassa por si mesmo e se completa no amor ao cônjuge, bem como aos filhos, ao próximo. Havendo amor, todos os obstáculos parecem pequenos e todos os problemas são superáveis, com ele dá pra juntar os pedaços do nosso coração solitário. Pra mim é isso, tudo se reduz a uma questão de amor.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

"QUANTO A MIM, EU ESTOU PRONTO PRA ANUNCIAR O EVANGELHO"

1. Eu tenho um chamado!

A frase do Apóstolo Paulo em Romanos 1:15, que dá título a este post é muito marcante. Ele está pronto!? Ele não estava pronto quando caiu ao chão em Atos 9. Ele talvez nem estivesse se sentindo preparado, ou capaz, quando disse essa frase, mas ele sabia que tinha um chamado. Moisés também não se sentia pronto quando disse: Quem sou eu para ir até o Faraó? Ou Josué quando teve que substituí-lo. Ou Gideão quando se sentia o menor, sem capacidade alguma. E em todas essas situações apenas uma coisa foi dita para motivar o temeroso ser humano a cumprir sua difícil missão: Eu estarei contigo! A convicção de que Deus, o grande Eu Sou, estará me dando o respaldo e o suporte que preciso, é o suficiente pra me fazer encarar qualquer missão, assim como meus patriarcas na fé o fizeram. Durante muito tempo me senti despreparada e incapaz de executar o propósito de Deus. Para falar a verdade, ainda me sinto. Mas não é meu despreparo que vai me impedir de realizar o que Deus tem me pedido que faça. Eu sei quantas coisas já consegui fazer apenas com a benção de Deus, mesmo com todas as condições desfavoráveis a mim. O Senhor me levou a lugares e me colocou em condições que nunca chegaria sem sua ajuda e reconheço que estava pronta pra desabar a qualquer instante se Ele me deixasse. Por quantas vezes repeti pra mim os versos de Josué1, como uma tentativa de me fazer acreditar em mim mesma, por que por vezes, só Deus me achava capaz. Descobri, depois de todas essas experiências maravilhosas que Ele escolhe quem Ele quer. Nada pode impedir o Seu agir. Ele capacita os chamados, como diz aquela máxima evangélica. O sentimento de despreparo, incapacidade e não merecimento só nos coloca mais perto e mais dependentes de Deus. Não posso evitar, por mais que não me sinta hábil o suficiente, eu tenho um chamado e vou atendê-lo.

2. O grande EU SOU me enviou!
Recentemente clamei ao Senhor “Eu daria qualquer coisa pra ter ao meu lado uma única pessoa que me ensinasse, não sei como fazer isso... prepara uma pessoa Senhor... preciso de ajuda!”, mas em vez de enviar uma pessoa pra me ajudar, me enviou outras para que eu as ajudasse. Eu pedi: “Senhor, me abençoa com esse congresso, me deixa aprender com esses homens de Deus que sabem mais do que eu... eu só quero aprender mais... não estou pedindo algo fora da Sua vontade...”, mas confiante Ele me disse: “Abra sua bíblia, Eu mesmo vou te ensinar.” E é o que Ele tem feito. Para meu total espanto, Ele tem me ensinado coisas extraordinárias e como prometeu, me dá o seu Espírito Santo para me instruir, orientando o que devo ler, o que devo assistir, o que devo falar, a quem devo visitar. Estou longe de ter minha tão sonhada ‘vida controlada pelo Espírito Santo’ mas estou caminhando debaixo de Sua direção e os resultados têm sido maravilhosos.
Vi que quando cumpro exatamente o que Ele me pede o resultado é incrível. É óbvio que por algumas terríveis vezes eu fugi da Sua vontade e, como era de se esperar, quebrei a cara! Mas ao voltar pra Ele, cabisbaixa e envergonhada por querer fazer as coisas do meu jeito, Deus me recebeu de braços abertos me ajudando a absorver a lição que aprendi. Sei que a relação que estamos construindo é eterna e Ele nunca vai deixar de estar ali, pra me orientar ou pra me perdoar. Ele estará comigo. É nisso que preciso confiar. Essa lição que aprendi com Moisés, Josué, Gideão também foi maravilhosamente ensinada por Jesus quando nos deu a instrução final: “Ide” e logo depois, quando os frágeis corações pensavam ‘como?’, ele salientou “Eu estarei convosco, até a consumação dos séculos.” Eu não sei vocês, mas é só isso que preciso saber para atender seu chamado.

3. Não há tempo pra olhar pra trás...
Infelizmente as pessoas não cedem ao chamado de Deus e se apegam às suas vidas mesquinhas. Muitos têm colocado seu amor e seu tempo em projetos que não enobrecem ninguém, nem a si mesmo. Eu lamento isso. Lamento que Deus tenha que lidar com pessoas melindrosas e banais como nós. Mas Ele por seu amor infindável não desiste e continua a nos chamar. As vezes fala mais alto, outras vezes se cala. Mas continua lá, atento ao nosso coração e às nossas necessidades.
Não sou mais aquela pessoa de antes, cheia de ressalvas e condições, agora não limito mais o agir de Deus em mim. Quero mais é que Ele tome inteiramente meu coração e pensamento. Eu entrego o controle de tudo pra Ele. Não posso mentir que me chateio com o “não” que recebo d’Ele vez ou outra. E sei que muitas vezes deixo de receber suas bênçãos por não permanecer na condição e na posição apropriada. A velha Susana está aqui e seus velhos hábitos, prontos pra submergir a qualquer momento. Mal posso esperar para que a obra seja completa e a mudança integral. Enquanto isso, luto todos os dias com a minha vontade de voltar pro mundo, correndo. Mas penso em todos os cuidados que recebo de Deus, sabendo que ninguém me amou como Ele.
Deus me escolheu, minha vida não é em vão. Mesmo com todas as falhas que tenho, não posso deixar de anunciar o evangelho. Sei que todos foram chamados a cumprir o “Ide” de Jesus, cada um de sua forma singular e importante, uns com hinos, outros com missões, outros em oração. Na verdade, tenho pedido a Deus pra me abrir portas para falar do amor de Deus as pessoas, como diz Colossenses 4:3, sem recusar e sem me envergonhar. Como já disse, ainda não me sinto preparada, capaz, nem merecedora. No entanto meus irmãos, uma coisa aprendi: Se Cristo comigo vai, eu irei!

terça-feira, 12 de outubro de 2010

REPROVADA MAS NÃO DERROTADA!


1. As provações cotidianas
Se tiver uma experiência que o Cristão logo se familiariza essa é a Provação. Deus faz prova como método de nos avaliar e nos fazer crescer, recomeçar, refletir, ponderar e seguir corretamente no caminho da graça. Estou certa de que a provação vem pra cada cristão de uma forma particular, mas em todo o processo o Senhor nos cerca de situações em que devemos demonstrar que estamos aptos, de acordo com o que temos aprendido d'Ele. Precisamos considerar ainda, as inúmeras tentações da carne e a ação de um inimigo feroz que não desiste de tentar nos derrotar. Por conta disso, na maior parte do tempo estamos passando por uma provação. Seria tudo mais fácil se usássemos o apoio do Espírito Santo de Deus, que em todas as situações pode nos ajudar à fazer a coisa certa, no momento certo. Mas não usufruímos desse auxilio tão completo e extraordinário. Além do mais, temos na Bíblia, um manual de conduta, repleto de vida, que se renova a cada manhã, com conselhos, instruções e a própria vontade de Deus expressa em palavras. Temos um Mestre, Conselheiro, com um exemplo incomparável. E ignoramos tudo isso que temos a nossa inteira disposição! Não nos preparamos, não oramos o suficiente, não jejuamos, não fazemos vigílias e não tiramos um tempo á sós com Deus, para nossa edificação e construção do caráter cristão. Oramos de madrugada pelo emprego, pela casa própria, pela festividade da Igreja, ou seja... Sempre em ‘troca de’ e quase nunca para agradá-lo, puro e simplesmente. É lamentável que traçamos um caminho de descaso e materialismo que só pode resultar na implacável reprovação de Deus. E de tudo isso, que não é pouco, nem fácil de assumir, eu me considero culpada.

2. Com o boletim em mãos
Não é tão difícil concluir a relevante moral da parábola da casa construída na areia para a vida cristã. Ouvir e por em prática é o desafio mais complexo e cotidiano de toda caminhada, bem como a mais transformadora das experiências. Todos os dias nós temos oportunidade de colocar em prática as instruções de amor, tolerância e pacificidade contidas no Evangelho. Só assim experimentamos a vida com alicerces lançados sobre a rocha. Olho pra mim (e cada palavra que escrevo é totalmente comprometida com esse propósito auto-analítico) e me vejo novamente empilhando os tijolos da minha vida cristã, agora que as águas do mar derrubaram tudo, impetuosamente, à mando do Senhor. Ele me diz “você não entendeu o que eu disse?” “Não leu minhas instruções?” “No que você estava gastando sua energia e inteligência?” “Qual projeto é mais importante do que esse?” “Francamente Susana, não acredito que você ainda está errando esse tipo de coisa....” E eu, envergonhada, cabisbaixa, amasso meu boletim nas mãos. “Por favor, não tire mais uma nota vermelha como essa...” Tento cobrar de mim mesma.

É muito embaraçoso assumir, mas fui reprovada pelo Senhor. E infelizmente, essa não é primeira vez. Eu sei exatamente aonde errei. Sei que é um erro recorrente e muito, muito prejudicial. Neste nível de vida cristã o egoísmo, a altivez e outros graves problemas de personalidade são tão graves quanto um vício e necessitam do mesmo empenho em buscar ajuda de Cristo para se libertar. Não dá mais pra continuar errando nisso, então reúno todas as minhas forças pra recomeçar. Antes disso, preciso pedir pra que Ele me auxilie nessa nova tentativa. “Por favor Jesus, me dê outra chance. Me matricule na sua turma de Recuperação.”

3. Tirando lição da Reprovação
Quantas pessoas estão como eu, presas numa etapa da vida cristã, reprovadas por não praticar as palavras que ouve? Creio que muitas. Paradas, a poucos passos de receber a vitória. Impedidas por pequenos detalhes de gozar da benção e da aprovação do Senhor. Em uma questão de segundos dizemos a coisa errada e colocamos tudo a perder, não é mesmo? Temos a oportunidade de pedir perdão e dizemos “não consigo”, o momento passa e lá está a palavrinha escrita em vermelho: “reprovada”.

Mas gostaria de transmitir um pouco da minha esperança e convicção pra cada um, que por qualquer razão, ainda tem uma batalha travada dentro de si e infelizmente está perdendo. Ele nos dá nova chance! Todos os dias Jesus nos deixa tentar de novo, glória a Deus por isso! Eu estou aqui, reconhecendo que preciso avançar. Não posso mais permanecer nesse erro. Vou tentar de novo, vou procurar reparar amanhã mesmo e vou me empenhar em obter a aprovação de Deus. Vou procurar todos os recursos que tenho á disposição, a oração, a leitura da bíblia e outros meios que podem me fazer vencer. A partir de hoje muda minha perspectiva diante da vida. Não tenho nenhum outro propósito que não seja esse: ser aprovada para a próxima etapa. Não estou de férias na terra, tenho muito que aprender e não tenho tempo pra desperdiçar. Vou olhando pro alvo que é Jesus e subindo degrau por degrau, mesmo que leve tempo, esforço, trabalho duro. O que não dá mais é ficar preso na mesma etapa. Sei exatamente que não será fácil, mas se você já leu mais do que 2 textos nesse blog sabe que nada tem sido! Nem por isso vou desistir. O desafio está lançado: ir de vitória em vitória, rumo á aprovação de Deus!

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

ELE CUIDA

1. É, Ele cuida sim...
Como é íntimo e gracioso o momento em que percebemos que Jesus está cuidando de nós. Àqueles 30 segundos em que 'a ficha cai', você respira fundo e pensa que só Ele poderia ter feito tal coisa por ti. Como é emocionante saber que Ele cuida de todos os detalhes, de uma forma perfeita e completa. No entando, facilmente, e infelizmente, nós trocamos esses momentos de intimidade e confiança pelo desespero e falta de fé. Deixamos o conforto dos braços do Pai para querer fazer tudo com nossas próprias mãos. Não consiguimos lidar com a ansiedade e ficamos sem dormir, sempre nos precipitando e estragando tudo! Não confiamos na forma como Ele trabalha, não nos conformamos com o tempo que Ele estabelece, com os meios que Ele usa. 
Confesso que em algumas situações de pânico (e como uma pessoa extremamente intensa eu ainda entro em pânico nas adversidades) a coisa mais complicada do mundo é simplesmente repassar pra cada célula do meu corpo que Deus está no controle de tudo. Não sou do tipo cristão evoluído que nem sequer se preocupa com os problemas, por que sua fé é o suficiente pra deixá-lo confiante, bem que gostaria de ser. Ao contrário, sou ansiosa e preocupada, ávida de obter resposta e até mesmo de ver a transformação de Deus na minha vida. Eu sei exatamente que todo o deserto que atravesso agora tem a finalidade de me fazer confiar em Deus e no processo que compete a Ele fazer, não eu. E lamento que seja tão difícil me adaptar a essa ideia. Ás vezes me pego exigindo de Deus: "Isso precisa ser tão lento, gradual e complicado?" É claro que sim, pois Deus quer fazer sua obra de forma completa e definitiva, Ele não deixa nada pelas metades, ora bolas. Vai levar todo tempo que precisar! E de novo, como numa discussão dialética, chego a conclusão de que preciso confiar n'Ele, não tem outro jeito. 

2. Aos seus, Ele dá enquanto eles dormem
Neste ponto estou tentando trazer á memória os mais diversos momentos em que Deus realizou o impossível, proveu recursos, companhia, aliados e regeu o Universo pra me favorecer. Estou certa de que aos poucos vou aprendendo a me comportar nestas situações. Como disse, ainda não aprendi completamente como fazer isso, mas estou tentando forte. A cada dia procuro reconhecer quão desprezível seria o meu destino se Ele não tivesse me resgatado... E aí, vou cedendo ao seu amor, vou permitindo que Ele entre cada vez mais fundo em minha alma e vou me entregando sem reservas, mais e mais. Esse exercício tem se tornado mais fácil ultimamente, pois vejo o Senhor cuidando de mim de forma milagrosa. Dando-me os suprimentos de que preciso neste momento de ‘vacas magras’, colocando ao meu lado companheiros de fé que edificam minha vida e me impulsionam a prosseguir, mesmo quando lá no fundo, estou sem fé, sem esperança, sem sonhos... Sei que Ele cuida de mim e compreendo que a ansiedade me afasta de sua vontade. Sei que Ele nunca me abandonou e nunca o fará e a única parte que me cabe é me convencer disso. Estou usando todas as minhas energias para lutar contra minha carne incrédula e falha. Mesmo dentro de uma situação tão difícil como estou, quero aproveitar cada minuto para aprender com a fidelidade de Deus e crescer em fé e ações de graças. O Senhor já usou das mais variadas pessoas, coisas e situações pra se mostrar zeloso e presente em minha vida e eu só posso reconhecer com meu coração grato, contrito e voluntariamente entregue á sua obra. Nem preciso dizer quanto choro, dor e esforço estão envolvidos neste processo. Eu vou de passo em passo, nessa caminhada cristã. E ainda é comum pra mim, cair, olhar pra trás, ter dúvidas, me sentir com medo, insegurança, com vontade de desisitir. Me sinto como uma criança medrosa que só consegue dormir quando o Pai se senta ao lado, na cama. Ainda bem, que meu Deus é o tipo de pai que se senta e diz: “Não se preocupe minha filha, eu já cuidei de tudo, pode dormir em paz.” e isso é o que por ora, me conforta.

sábado, 25 de setembro de 2010

A TRAJETÓRIA DO SANGUE QUE ME COMPROU

Eu vi quando ela surgiu
Entre seus cabelos úmidos
Brilhante, perfeita, cara e pura
Carregada de significados

Eu vi quando ela se desprendeu
Tímida, singela, devota e arredia
Como quem não conhece a trilha desceu
E lentamente de Jesus se despedia

Antes pulsou em seu coração
E foi testemunha do maior amor
O de Deus por sua criação
Uma gota de sangue com imenso valor

Antes correu por entre os corredores
Totalmente humanos e totalmente divinos
Distribuindo a dor, a adrenalina e o peso do dia
Que pagaria a dívida de todos os pecadores

Mas agora do corpo saiu
No alto, pelas feridas dos espinhos
Hesitou por alguns segundos
Mas de tão cheia de paixão, caiu.

Olhou pra seus olhos e continuou a carreira
Passou por entre o pó e suor e o fel
No ombro machucado encontrou uma ferida cruel
Se uniu com mais sangue formando uma imensa fileira

Demonstração de um amor tão terno
Aquelas gotas de sangue, uma a uma
Formariam a coisa mais poderosa
De todo o céu, terra e inferno

Como uma assinatura carmesim
Elas comprariam a mim
Até que se transformariam no vinho
Que tomo em memória de Ti.

De todo meu coração eu reconheço
O sacrifício que mudou a história
Que me comprou por tão alto preço
Um valioso sangue que nos deu a vitória

Livre de tudo que antes me prendia
Entrego minha vida e todo meu louvor
Pr’Àquele que na cruz seu sangue vertia
Salvando a mim – Um tão pobre pecador
.
.
.
Dedico essa poesia a minha amada amiga Thiana Rodrigues que é uma benção de Deus em minha vida, me ensinando e me abençoando com sua sabedoria.
Sou grata pela mulher de Deus que você é.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

UM SONHO MAIOR DO QUE EU


1. COMO JOSÉ, SONHANDO

Quando ouvi sobre a história de José, ainda criança, perguntei pra minha mãe, minha professora da escola dominical: "Por que os irmãos dele estão com raiva, a gente não sonha o que a gente quer e sim o que Deus quer, não é mesmo?" Minha indignação infantil não conhecia a inveja, o ciúme e muito menos o levante do inimigo contra os sonhos de Deus. Também não sabia que a maioria das pessoas trocava os sonhos de Deus por seus sonhos humanos. No desenrolar da história sabemos que os sonhos de José eram revelações de Deus para sua vida e o que seus irmãos fizeram de mal a ele não impediram que José se transformasse no grande governador do Egito. Eu sempre fui sonhadora e os leitores sabem que construi um grande roteiro de viagem, que fazia paradas breves e descompromissadas nas Igrejas, aos domingos e olha lá. Não é nada fácil vir de uma família que abre pequenas congregações, aonde o tio prega, a tia canta, a mãe ensina na escolinha e o primo tira a oferta. Quando a Igrejinha ia crescendo, tomando forma, com templo novo, instrumento musicais mais bacanas, quando ficávamos livres da microfonia e da festa da botija - lá ia a gente pra outro bairro, começar tudo de novo. Meu Deus que canseira, eu já tinha decidido que não queria nada daquilo na minha vida "Eu não, Deus me livre". Mas como Jó, o que eu mais temia me sobreveio. De uma forma muito particular o Senhor me guiou de volta pra casa, pra minha parentela e para a Igrejinha. Que amor era esse que eu estava sentindo por ela? Que saudade era essa dos hinos da harpa? Que surpresa era essa de sentir o que eu estava sentindo??? Depois de anos na prisão e na casa de Potifar lá vai José começar a jornada de realizar os sonhos de Deus. Na minha Igrejinha estou de volta à microfonia e às festas de botija entre outras coisas. Mais do que isso estou de volta ao meu primeiro amor. Neste processo começou a fluir em mim algo novo e espetacular - sonhos que não eram meus.

2. SONHANDO OS SONHOS DE DEUS
No ano passado eu recebi um sonho de Deus, e acredite: este sonho não era meu. Aliás, este sonho é bem maior do que eu! Neste sonho, muitas pessoas estudavam juntas a palavra de Deus, em salas de aula, em círculos e em grupos familiares. Eu não sei como isso aconteceu e nem sei como pessoas acreditaram nesse sonho, embarcando neste desafio. Mas o fato é que todas as portas se abriram e mesmo com muitos obstáculos, hoje temos um sólido grupo de estudos bíblicos - o Grupo Chokmah. Permita-me dizer que a consolidação deste projeto é exclusivamente pelo poder de Deus. Pois não temos (ainda) curso de Teologia, nem instalações próprias, nem recursos, nem apostilas modernas e avançadas, somente um grupo de pessoas com um desejo ardente de aprender mais sobre a Palavra. O que experimentamos nestes 9 meses e 39 livros da Bíblia que já estudamos é a mais absoluta revelação do Espírito Santo. Somos como crianças, tateando as paredes e andando pé a pé em direção ao conhecimento que vem de Deus, e nome mais oportuno para o Grupo não haveria de ter - Chokmah.
E hoje, de forma surpreendente para mim, eu assumo publicamente este sonho como meu. De alguma forma (misteriosa) o Senhor trabalhou em meu coração para que eu não só assumisse essa tarefa, mas que encarasse isso como um GRANDE PROJETO DE DEUS PARA MIM. Hoje o humilde grupo se tornou bem maior do que foi, há um ano atrás. Novas pessoas estão procurando o curso e hoje ele deixa de ser um Grupo de Estudos e passa a ser um Instituto Bíblico, com ensino para iniciantes no estudo da Bíblia, com várias turmas, de níveis diferentes, inclusive para adolescentes. O Senhor me fala que este é um degrau de muitos que vamos subir. O que desenvolvemos esse ano foi o suficiente para construir uma metodologia que é didática e eficaz no estudo da bíblia. Até o mês de Dezembro vamos concluir o 1º ano cujo tema é "Livros da Bíblia - Uma Visão Geral". E no ano seguinte "Bases Para Um Cristianismo Genuíno", encerrando o curso básico. Estou orgulhosa do que Jesus me fez presenciar, o mágico momento em que os sonhos de Deus passaram a fazer parte de uma pessoa.

3. SENDO CAPACITADO PARA A MISSÃO
Não me perguntem como uma pessoa sem curso de Teologia tem audácia de coordenar um Instituto Bíblico, mas eu acho que o passado nas Igrejinhas me mostraram que Deus vê grandes congregações aonde o homem só vê um salãozinho com 12 pessoas. De uma forma ainda oculta para mim Ele escolhe as coisas pequenas e despreparadas. Confio que o Senhor que chamou para a missão há de oferecer o treinamento apropriado. Eu bem sei que a Escola de Deus é o poço, o deserto, a casa de Potifar e a prisão. Não é nada fácil sonhar com algo que é mais grandioso de que si mesmo. Mas eu recebi em meu coração um evangelho que transforma humildes pescadores em oradores destemidos, pedras fundamentais. Transforma jovens trabalhadores rurais em profetas e heróis de guerra. Não estou dando nenhum passo que nossos humildes (porém extraordinários) cristãos primitivos não deram antes com êxito. Por que o Senhor que chama é aquele que capacita, e essa responsabilidade não é minha.
Não consigo entender o propósito de Deus com toda a história que vivi, quando criança. Depois, por que tive que perambular por inúmeras geladeiras gospel para sentir saudade da calorosa Igrejinha. Que calor arde em mim naquele lugar! Esse amor é o combustível que precisava para realizar qualquer missão, sem pensar em títulos, nem em habilidades humanas. (Não estou dizendo que apenas as pequenas congregações são ambientes de adoração genuína, mas este foi, especificamente o resgate que o Senhor executou em mim) Hoje só consigo pensar em conhecer e prosseguir em conhecer o Meu Deus e a Sua Palavra. E esse, sem dúvida alguma é o melhor sonho que eu poderia ter.
O estudo da Palavra deveria ser uma busca contínua de todo cristão. Peço ao Senhor que mais pessoas, se sintam incentivadas a montar Grupos de estudos da Bíblia em suas Igrejas, famílias ou entre amigos. Não preciso comentar o quanto é importante conhecer as escrituras e nem preciso dizer quanto respaldo bíblico temos para fazê-lo. Precisamos de Cristãos mais engajados, mais comprometidos com a Bíblia e com menos picuinha. As muitas heresias não se acanham em bater de porta em porta e de se impor pela mídia e por todos os lados possíveis. Vamos reagir Igreja Santa do Senhor, vamos falar do amor de Deus por onde passarmos, vamos explicar os trechos bíblicos de forma destemida para os que estão presos pelo laço enganoso do erro. Quantos de nós realmente nos reunimos com salmos e hinos de louvor? Qual foi a última vez que ganhamos uma alma para Deus? É triste saber que temos relativizado tanto que corremos o risco de perder o nosso referencial de comportamento. Vamos todos acoplar os sonhos de Deus aos nossos. Vamos buscar o centro de Sua vontade. Glória a Deus pois há tempo, a trombeta AINDA não tocou.



Ps. Se você tem sugestões/indicações ou deseja ter qualquer informação específica sobre este projeto de estudo bíblico envie um e-mail para estude_a_biblia@hotmail.com. Ou visite o Blog http://institutochokmah.blogspot.com/ Ore pelo Grupo Chokmah, ele já está orando por você.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

SERÁ QUE É POESIA?




Esse texto é uma homenagem a Jefferson Magno Costa


Olha, eu confesso. Primeiro eu usei a religião, estava já à mão, eu tinha fácil em casa, depois a Filosofia, depois a Ciência e durante todo o processo a Poesia. Passeei por caminhos tortuosos, pela política, pela música, pelo teatro, por outras artes, pelas explicações agnósticas, pelas teorias, pelas conversas de bar, crenças antigas, tradições, por uma ou outra face da cultura. Mas eu juro: nunca usei antidepressivos, nem usei (todas) as outras drogas! Essas eram tentativas, vãs, de sanar minha obsessão por encontrar respostas.
Eu fui escrevendo, escrevendo, escrevendo pra ver se a dor sumia, se a garganta seca, a vontade de perguntar passava, tentava pensar em outra coisa, ou melhor, tentava não pensar em nada, mas eu virava noites em claro, repassando uma frase que li, ou avaliando o filme que assisti. Por muitas vezes eu ouvi dizerem que eu estava ficando louca, ou que eu era dramática, ou que fazia aquilo pra chamar atenção. Poucas pessoas realmente entendiam que eu sofria muito por dentro, e ainda sofro.
Por que uns vão ouvir que não podem ter filhos e vão superar, eu vou reviver isso todo dia, o tempo todo. Uns vão ser expulsos da Igreja e vão ridicularizar a denominação, eu vou lamentar até que ponto chegou essa instituição (E eu lamento mesmo, profundamente). Uns vão se casar, ter seu emprego, ir a Igreja no domingo. Eu vou ficar na olaria, passando por mais e mais reparos. E como eu invejo uma vida, humilde, desproposital, como a de algumas meninas da minha idade que dormem ás dez e meia e acordam cedo pra ir trabalhar. Eu passo noites em claro, há 10 anos. Falando nisso, fico rindo dos pastores da iurd que pregam na madrugada, por que dos problemas que eles relatam, eu devo ter 80% (risos, muitos). Eu não tenho a audácia de pregar um Gezuz que tire como num passo de mágica, uma pessoa das dívidas, da depressão, do desemprego, a troco de uma visita na igreja, ou a troco de um toque nos 348, 368, sei lá. Eu não desperdiço nenhum copo d’água com isso.
Não posso pregar o que não vivo e o que eu vivo é o processo, etapa por etapa! Eu estou sofrendo, cada vez que a lixa do marceneiro passa. Eu estou remoendo meus erros na construção de um futuro mais coerente pra mim. Estou imitando Cristo, um pouco mais a cada dia, caindo no velho erro de vez em quando, me arrependendo, levantando, assim por diante. Fico fascinada com as histórias do tipo ‘dormi drogado e acordei crente’. Mas não é assim comigo. Eu sofro e reflito em cada desafio. Deito no chão da Igreja no meio do louvor, ligo pra pessoas ás 2 da manhã pra pedir perdão. Faço sessões de terapia em bancos de ônibus e choro 3 dias por causa de uma criança que vi pedindo esmola no centro da cidade. E pouco me importa se minha unha está com esmalte velho, pela metade ou se repeti o mesmo vestido nos últimos 5 casamentos. Eu visito meus tios, dias de terça á tarde. Prefiro a compania de crianças de 11 anos do que de pessoas que conheço há 11 anos. Pesquiso sobre formas de economizar água e coloco em prática. Dou aulas de reforço escolar de graça, escondido do meu marido.
Veja bem, não torno tudo isso público pra ouvir comentários me dizendo que sou isso, ou aquilo. Só eu sei o quanto me dói ser assim, só eu sei quantos kilos já engordei nas minhas sessões da madrugada a fora. Só eu sei quanto tem na minha carteira pra pagar a coca-cola que quero beber agora – nada. Só eu sei o que me custa me submeter ás ordens de um líder sem questionar, por que dessa vez eu quero fazer dar certo. Só eu sei o que é ouvir que devo aceitar que meu marido é o cabeça, quando às vezes penso, que ele deve estar mais pra cabeça de alho. E isso, nós sabemos, têm multidões de implicações. Eu sei o quanto me custa ter em meu currículo um longo histórico de problemas com patrões, professores, orientadores, entre outras autoridades. Eu sei o peso que tem meu sobrenome, o peso que tem meu passado, o peso que tem minha figura pública e o pré-conceito que muitos formaram ao meu respeito. Eu sei quem sou. Ou não sei quem sou? Eu sempre me perco quando o assunto é esse!
Gostaria tanto de acreditar que sou um macaco, menos macaco que o ser evolutivo anterior na cadeia. Ou que sou uma alma sendo reciclada em outro corpo, com ainda milhões de chances. Seria tão mais fácil... mas não acredito! E la´vou eu lidar com todas essas minhas características-bomba hoje mesmo, agora. Ora leio Clarisse e me sinto mais confortável, ora leio Fernando e me sinto mais deprê. Me identifico com um, me diferencio de outro. Mas minha ajuda vem mesmo quando estou em oração. É conversando com meu Pai que vou aprendendo um pouco mais sobre mim. Sei que eu sou, no mínimo, uma pessoa excêntrica. Que ás vezes minha profundidade soa como abismo para muitos. De lá me apego à Deus com todas as minhas forças. Sou mesmo carente, dramática, complexa, bipolar, guerreira. Aberta, mas às vezes arredia. Amorosa, mas ás vezes cruel... Intensa. Intensa até demais. Como diria Nietzsche vou 'procurando razão na loucura' todos os dias. Como disse no começo, vou escrevendo pra ver se a dor passa. Que dor? a dor de ser como eu sou. Sinto que existe muita poesia nisso, será? Não sei. Mas respeito ainda mais os poetas, se eles são assim como eu.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

PRA ONDE ESTOU INDO?

1. Com o mapa nas mãos
Existia uma época da minha vida em que eu fazia questão de saber tudo... Cheia de curiosidade, críticas, questionamentos, sonhos, subversão. Tudo o que eu queria era trilhar meu próprio caminho, utilizar toda minha autonomia e liberdade. E aí fui eu, ocupando cada milímetro da minha vida com os meus planos, com os meus objetivos e com o futuro que tinha sonhado pra mim mesma. Eu fiz tudo como achei que devia, rompi com o que achava preciso, passei pelos típicos 'ritos de passagem' da adolescência e fui indo... Durante o processo me lembro várias vezes de fugir dos planos de Deus pra mim. Me lembro de Suas tentativas de me fazer ouví-Lo, pelo menos por um breve momento. Eu fui me desviando d'Ele, tampei os ouvidos e corri, o mais longe possível, achando que em algum momento aquela voz dentro de mim ia se calar...
E eu fugi... ocupei minha mente com outros pensamentos, me dediquei aos meus projetos, deixei o tempo passar... Mas só fiquei cansada.... a voz ainda estava ali, tão alta como sempre foi... tão veemente que me assustava. Até que em determinado momento eu simplesmente resolvi parar. Eu, exausta de tanto fugir, olhei para o alto e disse:
"Não vê, que eu não sou capaz de fazer o que Senhor me pede?"
"Será que não entende que estes Seus planos não combinam comigo?"
Eu estava convencida de que Ele deveria usar uma dessas pessoas humildizinhas que existem por aí... Por que alguém como eu? Tão cheia de defeitos e problemas? Por que querer alguém que só vai te questionar? Por que euuuuuuuuuuuuuuu?
Ele calmamente me respondeu
"Por que não? Nada disso pode me atrapalhar a agir"
na palavra ele me confirmou: "Eu o tenho chamado, eu o farei vir.. e farei próspero o seu caminho" . E eu cedi. Mesmo relutante me entreguei aos planos do Senhor. Reconciliei-me com o meu Criador depois de tantos anos correndo do meu 'propósito' em uma longa e exaustiva reta em direção ao caminho oposto. Mas parei, suor na testa, olhos cheios d'agua, incertezas e mãos tremulas segurando meu bom e velho mapa. Ele então pediu: Rasgue o mapa! Nós não vamos mais por este caminho.. vamos.. pode rasgar o mapa, confie em mim...
Eu cerrei os olhos com muita força pra não ver o que eu mesma estava fazendo, senti cada pedaço da minha vida se destruindo junto aquele mapa. Depois disso senti uma verdadeira guinada na direção oposta. Meu corpo agora estava de costas para tudo o que eu havia projetado para o futuro. Carreira, emprego, casamento, dinheiro, saúde, estabilidade financeira, emocional, amigos, rotina... tudooooooooooo, ele se desviou de tudo. Virou a direção total do meu corpo, dos meus pés, dos meus olhos... só senti tudo ficando para trás... imediatamente uma paz sobrenatural tomou conta do meu ser: "não se preocupe, olhe para frente agora!" Ele disse.
*
2. Horizonte indefinido
Ninguém pode imaginar o quanto uma pessoa controladora, autônoma e independente sofre quando resolve entregar a direção da sua vida para Deus. Não estava nem um pouco preparada para ver meus planos de futuro ficando pra trás. Hoje me apego a uma única e convicta certeza "Ele sabe o que é melhor pra mim". É obvio que eu sofro quando me perguntam 'Você não estava indo pra lá? O que houve? O que você está fazendo ai tão longe do que planejou?' Eu não sei o que responder, não sei como me comportar. Na verdade nem sei como não sentir falta do meu mapinha... ele me fazia me sentir tão mais confortável. Eu sei que deveria, aqui, publicamente estar dizendo que estou bem, que estou feliz e nem sinto mais falta do tempo em que eu mesma determinava a direção dos meus passos. Mas isso não seria verdade...
O que eu sei é que Ele tem ocupado o meu tempo com os projetos dEle, que tenho caminhado numa direção totalmente nova e que não faço a menor idéia das próximas curvas, subidas e descidas deste caminho desconhecido.
Por aqui existe muito mais obstáculos, existem inúmeras diversidades, temporais, ventanias... Porém tenho encontrado pessoas incríveis no meu caminho, parceiros novos para me distrair e me ensinar durante a caminhada. Tenho me motivado com ideais antes nunca considerados, tenho sonhado coisas diferentes, tenho me entregado de corpo e alma, sem fazer perguntas. Nunca me imaginei caminhando sem um mapa, sem saber previamente o que viria pela frente.. Tudo tem sido novo e desafiador. Cada vez mais os antigos projetos estão ficando para trás... Confesso que as vezes me viro, tentando vê-los, mas já os perdi de vista. O que me resta agora é me apegar ao Guia, confiar em Sua infinita sabedoria e machar rumo a esse caminho desconhecido que tem sido minha vida, fazendo valer a máxima de que "o meu futuro só à Deus pertence".

sexta-feira, 4 de junho de 2010

QUEM SÃO ELES?

1. Lendo pessoas, além de livros
Somos todos leitores do mundo que nos cerca, isto é fato. Em mim, este 'instinto sociológico' é totalmente intrínseco à quem sou e foi desenvolvido, e diria que até encorajado, durante a vida. Não faço isso por orgulho, nem por altivez e hoje já consigo lidar bem com essa complexa característica. O fato é que leio sim, observo sim e aprendo muitooooooooo. Depois de um tempo me interessei por ler as pessoas além dos livros. É um exercício incrível, onde avalio situações, pessoas e opiniões, me auto-avalio em contra-partida. Evidentemente que nem sempre encontro o que gostaria de ver, me decepciono, me comovo, me emociono, me envolvo com o sofrimento alheio, me exponho, me aborreço, sofro. Confesso que nem sempre isso me faz bem, mas lá vou eu...
Por um momento acreditei que deveria me conter, me cercar de apenas algumas pessoas, reduzindo a chance de expor meus sentimentos a quem pudesse me ferir, evitando gostar de quem não gostasse de mim e eliminando o tal problema. Resolvi contar com poucas e confiar em seletas outras. Minha tentativa era, teoricamente, escolher aquelas com menor probabilidade de pisar na bola comigo. "Deve ser fácil!" pensava eu. Mas quanta ingenuidade...
Minha iniciativa pragmática de rotular meu círculo de convivência era aparentemente extraordinária, mas ruiu ao menor sinal do que eu chamo de "elemento surpresa". Por que advinha? Eu não sei quem são eles. As pessoas não são previsíveis! Elas não se mostram verdadeiramente. Elas traem, elas mentem, elas fingem. Acredita nisso? Como eu, tão inteligente, ainda não percebi que há hipocrisia, há falhas de cárater, há fraquezas e há descuido como os corações alheios??? Por que eu não contei com o Elemento surpresa? Por que eu não considerei além de tudo isso, que alguns usam máscaras?
2. De cara limpa
Entendi que algumas pessoas simplesmente se vestem, se arrumam, depois selecionam a máscara "para festas de família" ou "para cultos e reuiniões na Igreja" e vão fingir que são o que não são. Fingem interesse pelos outros, fingem sorrisos, fingem até que têm consideração! Essas máscaras são tão convincentes que são raros os observadores que percebem se tratar de pura farsa. Me pergunto até que ponto se torna lícito para os impostores se esconder atrás de uma postura dissimulada, fria e superficial. Por que algumas pessoas optam por ser assim? Por que elas não se mostram? Por que não dizem o que pensam, por que não se adaptam ao que querem parecer? Porque é mais fácil? Não acredito, é isso?
É tão covarde fingir que se gosta de alguem. É tão covarde concordar com tudo só pra evitar expor sua opinião, fugindo do confronto que pode te enobrecer como pessoa. É tão covarde sentar pra conversar com uma pessoa se você está querendo fugir por dentro. É tão desleal, tão cruel.
Porque quando a gente se expõe, a gente corre riscos sim, mas a gente aprende tanto. E então decidi que prefiro mil vezes me decepcionar com as pessoas do que me limitar, me restringir. Prefiro ir de peito aberto e cara limpa, falando demais e me arrependendo, brigando e pedindo desculpas. Amando e correndo o risco de não ser correspondida do que viver sem amar, sem me entregar. Prefiro sim ser quem sou do que usar uma máscara, do que fingir, do que me omitir...
Prefiro errar do que forjar o acerto. Prefiro assumir meus defeitos do que encenar qualidades. E prefiro expor toda minha intensidade do que viver na mediocridade.
Logo, para aqueles que vivem em roteiros pré-escritos, falsificando condutas amplamente aceitas pela sociedade, eu os desafio a serem quem são! A se assumirem e confiarem que em meio a muitas críticas e muitos desafetos a gente pode encontrar amizades incríveis, amores verdadeiros e companheiros fiéis. Sim, valhe a pena se expor... Não dá pra ter certeza de quem são eles, não dá pra prever se alguém vai nos decepcionar, mas veja só: dá pra ter certeza de quem somos! Só isso já extremamente fantástico, não acha?

sábado, 3 de abril de 2010

COMO VASO NAS MÃOS DO OLEIRO

1. Natureza irremediavelmente de barro
Nesses últimos anos eu fiz uma viagem, pra dentro de mim mesmo. Na ocasião conheci coisas dentro de mim que ainda não sei como lidar. Estive assustada, estive desesperada, estive em frangalhos, estive me aceitando por um tempo. Me negando por outro. Eu me conheci e não gostei do que vi. Eu fui crítica de mim mesma, e então desabei diante da minha natureza corruptível e danosa. Estou falando de auto-crítica, da mais fria e severa possível. O fato é que fui colocada diante da Luz, só então vi as rachaduras da minha personalidade.
Eu vi que sou intolerante com mil e uma coisas. Que minha carne é... a palavra certa é: de dura cerviz. Eu confesso que tenho muita dificuldade em me submeter. Eu assumo que me achei rebelde, dura e prepotente. Tinha a mesma facilidade para fazer inimigos do que amigos. Eu dizia sempre na cara, com uma sinceridade ácida, que acabava com minha vida social. Não adiantava chorar e me arrepender depois, a questão é que eu era assim mesmo, e pronto. Eu encontrei em mim mais podridão e pecado do que imaginava ter. Nessa viagem interior eu me vi sombria, orgulhosa, insubordinável, intolerante, crítica, terrivelmente crítica. Meu Deus! Como vou lidar com o que vi? Como vou lidar com o que estou assumindo? Como vou me arrepender de ser assim? Se todos esses defeitos estão atrelados a minha personalidade? Como vou ser diferente do que sempre fui? É possível ser diferente? Quando olhei pra dentro de mim descobri que fui feita de barro! E descobri que sozinha nunca conseguiria mudar, por mais que assumisse que precisava.
2. É possível ser diferente?
O mais importante é que durante toda essa viagem eu fui guiada por uma Luz muito forte que iluminava todas as arestas, e fui entendendo por que precisava me livrar de todo este lixo que eu guardava com a etiqueta "faz parte do que eu sou". Mas nada na minha vida foi tão difícil, longo, doloroso e cheio de conflitos como aceitar que precisava mudar, e mais, que precisava de ajuda pra isso! Eu me questionava o tempo todo "como vou ser diferente" , "será que eu quero mesmo ser diferente" ? Eu vi que era muito comum encontrar pessoas que mudaram alguns hábitos, algumas roupas e continuaram sendo exatamente como eram, mesmo diante de Deus. Essas pessoas deixaram alguns vícios pra trás e acrescentaram alguns retetés no linguajar, mas por dentro mantinham a mesma natureza cheia de rachaduras! Nem sempre compartilhavam os mesmos defeitos que eu, mas que continuavam vazias, superficiais, banais, apegadas a coisas materiais, mesmo depois de tantos e tantos anos na Igreja. Pessoas que se sentem bem em humilhar as outras. Pessoas que gostam de aparecer e que buscam o reconhecimento das outras... É... a igreja está repleto delas, infelizmente. Pessoas que não mudaram sua essência, apenas sua aparência. Eu estava decidida a não ser assim, de forma alguma!
Por que o Evangelho que decidi seguir não podia co-existir com esse comportamento, por que eu sabia que não seria aprovada por Deus. Nossa carne é, sem dúvida, nosso principal inimigo. Essa vontade latente de permanecer no erro está tão profundamente arraigada em nós que fica difícil separar o que somos nós, e o que é a nossa natureza corruptível. Foi aí que eu descobri que Ele precisava me quebrar! Me moldar de novo, me levar ao fogo. Vocês nem imaginam o quanto essa idéia me assustava.
3. Destruir para Reconstruir
No meio de todo esse conflito eu descobri em mim, uma imensa vontade de estar com Deus, para minha alegria e para que o plano de Deus fosse completo em relação a minha 'mudança'. Eu descobri que eu conseguia me entregar pra Deus, que eu O amava e que queria construir uma relação mais próxima com Ele. E então veio a surpresa: era só isso que eu precisava fazer: Me entregar, sem reservas! fácil não era, como nada é, em relação a minha pessoa, mas eu sabia o que precisava ser feito e busquei ajuda dEle para conseguir.
Então eu procurei um lugar neutro, isolado e simples e fui jogando tudo fora! Fui me entregando e Ele foi moldando, como um vaso em Suas mãos... Fui me aproximando e ele foi me martelando, me lixando, me aparando... E doía, e como dói ainda... Eu chorando e ele moldando, mexendo e eu dizendo pára, sentindo minha estrutura balançar, coisas caindo, caixas fétidas, cheias de poeira e ratos.. Sujeira saindo e água entrando, escova esfregando e carne doendo! Eu logo me apressei em perguntar se estava perto de acabar esse processo, Ele respondeu: "Por enquanto não Susana. Meu trabalho em você ainda não está completo". É nesse ponto que estamos atualmente: Eu aqui sofrendo em ver tudo o que sabia sobre mim se desmanchar na minha frente. Tentando manter arrumado os departamentos que Ele já organizou, exercitando o perdão que tive que aprender a pedir. Exercitando o 'julgar a si mesmo', o 'amar seus inimigos, não só os seus amigos'. Continuo com dificuldades para voltar atrás, sofrendo cada vez que tenho que me submeter. Padecendo em cada etapa da construção dessa 'nova natureza'. Mas confio, com todas as minhas forças, que é preciso essa dor. Não questiono mais os Seus métodos, também não estou interessada em desistir. Há algum tempo Ele me tirou da zona de conforto e me levou para a olaria. Me tirou do armário, colocou óleo em mim e viu que ainda havia vazamentos... Como foi difícil... Eu achava que já estava preparada... Me senti incompreendida, rejeitada, mas Ele estava apenas fazendo seu trabalho. E como foi difícil ser reprovada!!!
E assim tem sido minha vida, desde que voltei da minha viagem interior decidida a procurar um especialista em rachaduras de vasos de barro - O oleiro Jesus. Eu tenho lutado diariamente para não recuar e Ele de forma enérgica, hábil e precisa, me molda com seu amor. Preciso confessar, era exatamente disso que eu precisava pra ser uma pessoa melhor!!

sábado, 20 de março de 2010

AONDE ESTÃO OS CEIFEIROS?

1. Autônomos não trabalham para Deus.
Sempre que via algo que precisava de um reparo ou cuidado eu tentava resolver por conta própria. Seja em casa, ou no trabalho, num grupo de estudos ou na Igreja. E eu, erroneamente, me orgulhava dessa tal proatividade (risos). Entretanto, no meu caso, minhas boas intenções mascaravam minha forma controladora de lidar com os problemas, fazendo do meu jeito, resolvendo tudo a meu modo, inclusive na Igreja. O principal aspecto do meu enorme engano, é que quando se trata da Obra e do Trabalho designado por Deus, as coisas são ainda mais delicadas. Ou seja, é Ele que deve distribuir tarefas, a cada trabalhador em sua medida e especialidade. Trabalhamos para Ele e não por conta própria.
E meus amados, parei por um breve momento para pensar em quantos 'administradores' da casa de Deus, cheios de boas intenções já se equivocaram da mesma forma. Quantos trabalhadores de sua própria obra já vi sobrecarregarem seus congregados, distribuindo tarefas e lideranças sem o direcionamento de Deus. E como essa obra é complexa, minuciosa e necessita de cuidados específicos que só o Ele pode nos ensinar, não fica difícil imaginar nas conseqüências desastrosas dessas ações desorientadas: disputas de poder, busca por reconhecimento dos outros, abuso de autoridade, imposições descabidas e outros males que existem em decorrência dessa falta de zelo pelas tarefas da Casa de Deus. Cada um trabalhando em favor de seu próprio louvor, pensando no que a liderança considera correta, no que o pastor aprovaria e no que chamaria a atenção do Bispo, ou sei lá o quê. Resumindo: esses trabalhadores, infelizmente, não trabalham para Deus...
2. Filhos de Deus e servos d'Ele
Certa vez ouvi dizer que, ou se é servo, ou se é filho de Deus. Isso não me convenceu. E nem preciso dizer que automaticamente, como num procedimento mecânico, eu desconsidero qualquer bobagem que fugir ou contradizer a palavra de Deus. Em muitas passagens bíblicas somos chamados de filhos, mas isso não nos tira o privilégio (e dever) de servir, e servir a Ele. [Neste caso especificamente servir á Deus estava diretamente relacionado á servir a este pastor e a seu grupo de líderes] Seus fundamentos passavam por algo como "quem é filho de Deus não critica, nem se opões as ações da Igreja, por que todos somos como uma família!" Tal bobagem foi completamente sem fundamento, e quem dera não existissem casos de má-admisnitração da casa de Deus como o sacerdote Eli, por exemplo. E para mim, qualquer menção à uma obediência cega ao líder da Igreja contradiz as escrituras e conduz ao fanatísmo. Somos chamados para ser filhos de Deus e ovelhas do seu rebanho, não somos chamados à ser ovelhas do pastor fulano, por que ele está aqui hoje e amanhã pode não estar. Devemos reconhecer a voz do nosso Pastor que nos arrebanha com amor e não nos comprometer mais com alianças político-diplomáticas do que com as escrituras sagradas. Devemos ser chamados a renovar aliança com Deus e não com o pastores, coordenações gerais, regionais e outras cúpulas humanas, pois 'se estamos comprometidos com Deus não estaríamos consequentemente aliados dos demais parceiros da obra?' Os pastores são trabalhadores da obra tanto quanto qualquer outro membro da Igreja e não devem receber qualquer tipo de honra pelo crescimento da lavoura, como instruiu o apóstolo Paulo.
3. Totalmente comprometidos
Além disso, precisamos estar convictos de que existe uma Seara e que precisamos trabalhar nela. Tenho conhecido filhos que desejam apenas a herança do Pai, no entanto não querem realizar suas tarefas, nem assumir responsabilidades com a parte que nos coube no projeto do Pai para a humanidade. Esse foco na recompensa e não no prazer de executar o trabalho, é, sem dúvida a razão de muitas igrejas estarem lotadas de trabalhadores autônomos, prestadores de serviço da casa de Deus. Em alguns casos, esse erro de referencial me faz acreditar que muitos trocam seu trabalho, e tempo dedicados na casa de Deus, por 'títulos ao portador', ou 'ações' que valem 100 vezes mais na Bolsa de valores celestial. Verdadeiras 'pirâmides' que incentivam dar uma quantia, para receber algumas vezes a mais. Afinal de contas que outro investimento garante tanto lucro no mundo aí fora?
Outra razão de se faltar trabalhadores comprometidos na Seara é que se faz uma confusão imensa entre a Obra de Deus e a obra na Casa de Deus [a igreja]. E creio, de todo coração que as tarefas da congregação representam apenas uma minúscula parte do trabalho na Obra de Deus. Jesus soube nos direcionar muito bem quando deu a vocação máxima para os Cristãos: Ide e pregai o evangelho. Ele não disse "Ide e assuma cargos na Igreja". e não disse por que Ele sabe que nem todos são chamados a liderança, mas todos são chamados para anunciar Seu amor. Todos são chamados para amparar viúvas, órfãos, idosos, doentes, pobres e crianças. Todos são chamados à santidade e à caridade. Este é o chamado para todos os cristãos, indistintamente. Porém quantos realmente exercem sua vocação?
4. Habilitados para o trabalho
Um dos principais desafios seria então, ir além desta limitada concepção de trabalho na Obra de Deus e nos dedicar ao valoroso trabalho na Seara. Pois numa plantação tão grandiosa, certamente há os que se dedicam em lavrar a terra; outros em estudar a melhor época para o plantio; outros que preparam a semente, otimizando a qualidade do fruto; há os que de fato semeam, há os que adubam; há os que cuidam das doenças e pragas que atingem a plantação, há os que regam e há os que vigiam a Seara do ataque de saqueadores. Além de todos estes trabalhadores dignos e fiéis, o Senhor prepara os que cuidam dos ceifeiros, os que os ensinam a trabalhar na Seara, corrigindo posturas e hábitos prejudiciais ao rendimento do trabalho, há os que preparam alimentação nutritiva, abrigo, leito e cuidados apropriados com cada um dos convocados ás atividades, há os que dão força e ânimo, há os que redividem as tarefas e que substituem os trabalhadores cansados para não atrasar a hora de segar. Todos estes trabalhadores devem receber de Deus sua própria ordenança e por Ele devem ser encaixados no processo. Ele nos ensina o que fazer, como fazer, em que tempo fazer e ao lado de quem fazer. Não estamos por aí, trabalhando de forma autônoma. Fomos chamados, qualificados e na hora apropriada seremos devidamente recompensados por todo labor. Ele é o dono da Seara, para ele trabalhamos. Ele dá o crescimento á lavoura e o salário ao trabalhador. Não há possível realização espiritual fora deste ambiente e qualquer desvio, omissão ou fuga pode ser definitivamente desastrosa. Oremos para que o Senhor nos capacite, oremos para que o Senhor envie mais trabalhadores, oremos para que o Senhor dê crescimento à lavoura, e no mais amados, mãos à obra!