sexta-feira, 4 de junho de 2010

QUEM SÃO ELES?

1. Lendo pessoas, além de livros
Somos todos leitores do mundo que nos cerca, isto é fato. Em mim, este 'instinto sociológico' é totalmente intrínseco à quem sou e foi desenvolvido, e diria que até encorajado, durante a vida. Não faço isso por orgulho, nem por altivez e hoje já consigo lidar bem com essa complexa característica. O fato é que leio sim, observo sim e aprendo muitooooooooo. Depois de um tempo me interessei por ler as pessoas além dos livros. É um exercício incrível, onde avalio situações, pessoas e opiniões, me auto-avalio em contra-partida. Evidentemente que nem sempre encontro o que gostaria de ver, me decepciono, me comovo, me emociono, me envolvo com o sofrimento alheio, me exponho, me aborreço, sofro. Confesso que nem sempre isso me faz bem, mas lá vou eu...
Por um momento acreditei que deveria me conter, me cercar de apenas algumas pessoas, reduzindo a chance de expor meus sentimentos a quem pudesse me ferir, evitando gostar de quem não gostasse de mim e eliminando o tal problema. Resolvi contar com poucas e confiar em seletas outras. Minha tentativa era, teoricamente, escolher aquelas com menor probabilidade de pisar na bola comigo. "Deve ser fácil!" pensava eu. Mas quanta ingenuidade...
Minha iniciativa pragmática de rotular meu círculo de convivência era aparentemente extraordinária, mas ruiu ao menor sinal do que eu chamo de "elemento surpresa". Por que advinha? Eu não sei quem são eles. As pessoas não são previsíveis! Elas não se mostram verdadeiramente. Elas traem, elas mentem, elas fingem. Acredita nisso? Como eu, tão inteligente, ainda não percebi que há hipocrisia, há falhas de cárater, há fraquezas e há descuido como os corações alheios??? Por que eu não contei com o Elemento surpresa? Por que eu não considerei além de tudo isso, que alguns usam máscaras?
2. De cara limpa
Entendi que algumas pessoas simplesmente se vestem, se arrumam, depois selecionam a máscara "para festas de família" ou "para cultos e reuiniões na Igreja" e vão fingir que são o que não são. Fingem interesse pelos outros, fingem sorrisos, fingem até que têm consideração! Essas máscaras são tão convincentes que são raros os observadores que percebem se tratar de pura farsa. Me pergunto até que ponto se torna lícito para os impostores se esconder atrás de uma postura dissimulada, fria e superficial. Por que algumas pessoas optam por ser assim? Por que elas não se mostram? Por que não dizem o que pensam, por que não se adaptam ao que querem parecer? Porque é mais fácil? Não acredito, é isso?
É tão covarde fingir que se gosta de alguem. É tão covarde concordar com tudo só pra evitar expor sua opinião, fugindo do confronto que pode te enobrecer como pessoa. É tão covarde sentar pra conversar com uma pessoa se você está querendo fugir por dentro. É tão desleal, tão cruel.
Porque quando a gente se expõe, a gente corre riscos sim, mas a gente aprende tanto. E então decidi que prefiro mil vezes me decepcionar com as pessoas do que me limitar, me restringir. Prefiro ir de peito aberto e cara limpa, falando demais e me arrependendo, brigando e pedindo desculpas. Amando e correndo o risco de não ser correspondida do que viver sem amar, sem me entregar. Prefiro sim ser quem sou do que usar uma máscara, do que fingir, do que me omitir...
Prefiro errar do que forjar o acerto. Prefiro assumir meus defeitos do que encenar qualidades. E prefiro expor toda minha intensidade do que viver na mediocridade.
Logo, para aqueles que vivem em roteiros pré-escritos, falsificando condutas amplamente aceitas pela sociedade, eu os desafio a serem quem são! A se assumirem e confiarem que em meio a muitas críticas e muitos desafetos a gente pode encontrar amizades incríveis, amores verdadeiros e companheiros fiéis. Sim, valhe a pena se expor... Não dá pra ter certeza de quem são eles, não dá pra prever se alguém vai nos decepcionar, mas veja só: dá pra ter certeza de quem somos! Só isso já extremamente fantástico, não acha?